Vila das Aves conhece S. Nuno Álvares Pereira

O mais recente santo português, S. Nuno Álvares Pereira, foi o tema do encontro de formação pastoral que marcou a última reunião do Conselho Pastoral Paroquial de Vila das Aves, realizada na noite do passado sábado, 9 de Maio. O pároco, Padre Fernando Abreu, não quis que a canonização do Condestável passasse ao lado da paróquia e convidou Carlos Alberto Pereira, Chefe Nacional do Corpo Nacional de Escutas, para abordar esta figura histórica, santificada no passado dia 26 de Abril, em Roma, pelo Papa Bento XVI. “S. Nuno viveu intensamente o seu tempo e com um espírito cristão que deixou marcas”, evidenciou, já no final da sua intervenção, Carlos Alberto Pereira. Fazendo a ponte para os cristãos dos dias de hoje, acentuou que “o mesmo devemos nós ter em conta, pois quer o que fazemos, quer o que não fazemos, deixa marcas”. Nuno Álvares Pereira viveu, no seu tempo (1360/1431), um clima de crise, não apenas social e económica, com guerras e a peste, mas também de valores. Algo que levou o chefe do CNE a referir que “o tempo dele é o nosso tempo, mas com duas agravantes que é o crescente individualismo e relativismo”. Carlos Alberto Pereira deteve-se aqui e evidenciou a “preocupação com o eu” nos dias de hoje bem como a tendência de “tudo relativizar. É tudo mais ou menos”, disse, exemplificando com o facto de ser cada vez mais usual ouvir expressões como: ‘sou católico, mas tenho a minha fé por isso não frequento a igreja’. Nesta linha, Carlos Alberto Pereira enalteceu o exemplo de S. Nuno, como homem Santo que “cultivou o sentido da fidelidade e da honra”, demonstrando ainda o seu heroísmo “não pelas vitórias militares que alcançou, mas por defender as ideias que tinha”. O militar e Condestável acabou, a certa altura da sua vida, por desfazer-se de todos os seus bens – era o homem mais rico do reinado de D. João I – para se tornar frade e dedicar a sua vida a matar a fome aos pobres e pedintes. Foi “desprendido” pois mesmo enquanto militar nunca reclamou para si as vitórias que alcançou e acabou por “colocar tudo o que tinha ao serviço dos pobres”. “Ele vestiu-se de monge para deixar de ser o herói dos homens e passar a ser o herói dos carenciados”, vincou o chefe do CNE, no auditório do salão paroquial de Vila das Aves, onde decorreu a reunião. De resto, os pobres foram, logo no seu tempo, “os primeiros a aclamá-lo como Santo”, embora a beatificação tenha acontecido apenas em 1918, com Bento XV, sendo outro Bento, o XVI, a canonizá-lo quase cem anos depois, em 26 de Abril passado. Os conselheiros avenses manifestaram depois o apreço e até a surpresa pela qualidade da conferência, afirmando, a maioria deles, desconhecer a maior parte dos aspectos da vida de S. Nuno ligados à sua fé, uma vez que até agora apenas a sua vida militar e o seu papel na História de Portugal eram valorizados. Em sinal de agradecimento, o pároco pediu ao Chefe do CNE de Vila das Aves, Joaquim Sérgio, que entregasse uma lembrança de S. Paulo (tendo em conta o Ano Paulino que vivemos) a Carlos Alberto Pereira, na pessoa da sua esposa, D. Arminda Maria. O Chefe do CNE retribuiu entregando ao Padre Fernando Abreu um exemplar do Novo Testamento, em formato de bolso, que o CNE acaba de editar. Em jeito de encerramento, o pároco avense exortou os conselheiros presentes, ligados aos grupos e movimentos da paróquia, para que neles façam eco da conferência de Carlos Alberto Pereira sobre a figura de S. Nuno. Celso Campos

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top