VIII Congresso Nacional das Misericórdias

Conclusões As Santas Casas das Misericórdias Portuguesas, reunidas em VIII Congresso Nacional na cidade de Braga, de 31 de Maio (Dia de Nossa Senhora das Misericórdias) a 2 de Junho de 2007, no espírito renovado da sua União e na participação interpretativa das Comunidades que servem com solidariedade, aprovam e tornam público que: 1. O Congresso exprimiu o seu enorme contentamento pelo decurso proveitoso dos trabalhos e pelo alto nível de participação dos congressistas, mormente pelas excelentes intervenções dos convidados e oradores, a quem se presta o maior reconhecimento e admiração, permitindo-se assinalar as presenças honrosas e amigas de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, do Senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, em representação de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro, bem como de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal. 2. Considerando que a natureza comunitária das Misericórdias e a sua directa ligação às Comunidades, de que emergem e que servem, é marca essencial da sua origem, identidade e história plurissecular assim como elemento fundamental para realização do bem comum; o Congresso reconheceu que é do interesse tanto do Estado como da Igreja preservarem e promoverem a sua autonomia, ligação à vida e bem assim capacidade de iniciativa e de decisão das Comunidades em que se integram. 3. Neste contexto, as Misericórdias em Congresso reafirmaram a confiança no trabalho de serviço solidário, efectivo e afectivo, para a construção de um futuro melhor e mais justo, na certeza de que só com uma União das Misericórdias instituída em força dinamizadora da autonomia e inovação é que teremos Misericórdias fortes e modernas. 4. Assim, o Congresso reiterou a importância missionária das Misericórdias no combate à pobreza, à exclusão social e na implementação de respostas sociais com excelência de qualidade para os mais desfavorecidos e carenciados da sociedade, destacando temas como o envelhecimento activo, e a gerontologia preventiva. 5. No âmbito dos princípios da cooperação e da co-responsabilização do sector público, das instituições da sociedade civil e das próprias famílias, o Congresso considerou fundamental reforçar na prática o Pacto de Cooperação para a Solidariedade Social, verdadeira carta de princípios e regras motivadoras das parcerias e compromissos sociais, modelados em protocolos e acordos de cooperação, com vista a responder aos novos desafios sociais. 6. Neste sentido, o Congresso deu relevância aos desafios da diferenciação positiva para uma atenção acrescida àqueles que mais precisam, concluindo pela necessidade de aplicar o princípio com qualidade, eficácia e segurança nas respostas sociais, numa estratégia de complementaridade com o Estado sobretudo para a área de apoio à infância e ao envelhecimento. 7. Na procura de soluções para a sustentabilidade das Misericórdias, o Congresso realçou a função equilibradora e determinante da economia social. As Misericórdias, enquanto realidades vivas de 500 anos em prol do Social e do Humanismo, são agentes do futuro que importa reinventar. Daí a necessidade de reorientar o seu posicionamento estratégico, potenciando sinergias nestes tempos de mudança que são tempos de resposta, em cultura de cooperação face à nova realidade de uma sociedade competitiva de economia globalizada. 8. Consciente da importância da formação profissional para a qualificação dos recursos humanos e para o desiderato da modernidade apoiada nas boas práticas, o Congresso reconheceu a necessidade das Misericórdias desenvolverem uma contínua actividade formativa, bem como de mobilizar dirigentes, técnicos e funcionários para que, numa acção concertada, promovam iniciativas de qualificação e valorização pessoal e profissional. 9. O Congresso destacou o envolvimento dinâmico das Misericórdias no sector da saúde, em especial na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados de Saúde, permitindo assim um retorno consistente à área da saúde, génese do serviço misericordiano, pela via do Grupo Misericórdias Saúde. 10. O Congresso reflectiu acerca da importância do desenvolvimento de uma estratégia de parcerias, em situação de equilíbrio, entre as Misericórdias e o Poder Local no sentido de, conjuntamente, potenciarem conhecimentos, recursos e serviços. Nesta conjuntura, o Congresso reconheceu a importância da União das Misericórdias como única estrutura capaz de as representar também no diálogo urgente com a Administração Central e Local, e, nessa legitimidade, pugnar pela transparência das regras de relacionamento com estes parceiros preferenciais. 11. Em plena comemoração do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, o Congresso vincou a actualidade e perenidade das Obras de Misericórdia, como matriz cristã da visibilidade, especificidade e do serviço polivalencial destas Instituições do sector social e no respeito pela sua identidade, especificidade e autonomia constitucional. Braga, Universidade do Minho, 2 de Junho de 2007. A Comissão Organizadora do Congresso

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