«Uma grande periferia é a migração em Portugal», destacou o padre João Nélio sobre as «periferias sociais»
Lisboa, 07 jun 2024 (Ecclesia) – O superior da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus destacou o desafio de responderem às “periferias” e explicou que a congregação, há mais de 75 anos no país, está “numa segunda fase, de colaboração com a Igreja”.
“Hoje estamos numa fase diferente. Acabaram já os seminários, os menores estão praticamente fechados. Estamos já envolvidos numa segunda fase que é de colaboração com a Igreja, temos cerca de 30 paróquias, temos escolas, temos obras sociais, fazemos assistência a algumas capelanias”, disse o padre João Nélio, esta sexta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA, na Solenidade litúrgica do Sagrado Coração de Jesus.
A Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (SCJ), os Dehonianos, foi fundada pelo padre Leão Dehon (1843-1925) que foi “muito sensível à questão das periferias sociais”, no século XIX, e, hoje, conhecendo o seu testemunho, “sabendo que as periferias são outras, as periferias sociais”, também têm “atenção às periferias que vão surgindo”:
“Agora, por exemplo, uma grande periferia é a migração em Portugal, também gostaríamos de nos integrar a responder a tantas periferias. Também vamos sentindo um pouco a diminuição, o envelhecimento de alguns membros. Sentimos alguma incapacidade também de chegar a todos os sítios”, acrescentou o entrevistado.
O superior da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus explica que a congregação está em 30 paróquias, mas têm de estar nessa paróquia “de uma forma de Dehoniana, à maneira do Sacerdote do Coração de Jesus”, que é sentir a “obrigação grande de colocar o coração no trabalho” que fazem e na forma como se doam.
“E, depois, também concretamente no serviço provincial, toda esta dimensão da sinodalidade que está a fazer Igreja, o nosso capítulo incentivou a nos integrarmos nesse movimento que está a ser feito”, indicou.
O XV Capítulo Provincial dos Dehonianos em Portugal, com inspiração nas palavras de Simão a Jesus – «porque Tu o dizes, lançarei as redes» (Lc 5,5) – e o tema ‘Conversão permanente para acolher o hoje de Deus’, realizou-se de 22 a 30 de novembro 2023, em Alfragide.
“O capítulo provincial vem, sobretudo, ajudar-nos a perceber que já acabamos a primeira fase, essa fase de uma implementação das grandes casas, e agora devemos investir mais na forma como estamos nestes locais; E, para nós foi uma oportunidade também de nos sentirmos retirados a algum fracasso que podemos sentir”, acrescentou o padre João Nélio, lembrando que a congregação religiosa está em Portugal há mais de 75 anos, a sessão solene das bodas de diamante foi em 2021 (27 de dezembro).
O entrevistado assinalou ainda que a 15.ª reunião magna da congregação em Portugal teve também presente o “apelo do Papa” na oração com os bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e agentes da pastoral, no Mosteiro dos Jerónimos, na JMJ Lisboa 2023.
“A não cedermos ao fracasso, ao derrotismo, ao cansaço. E, hoje, é fácil de desanimar; Estive lá e ouvi diretamente do Santo Padre e foi um desafio forte. Na altura, na Igreja portuguesa, nós estávamos a viver aquela alegria do encontro com o Papa, mas também em nível social os sacerdotes, os religiosos tínhamos vido tempos muito difíceis, e aquelas palavras foram muito solidárias com o que estávamos a viver, mas também ao mesmo tempo animadoras”, desenvolveu, na entrevista, realizada na Solenidade litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, transmitida no Programa ECCLESIA na RTP2, esta sexta-feira,
“Hoje, o mundo precisa, sobretudo, de religiosos e sacerdotes e leigos, que sejam capazes também de reconhecer as suas fraquezas, talvez, no outro tempo, a Igreja tinha muito aquela preocupação com uma imagem quase perfeita, talvez idealizada. Hoje, nós temos mais a noção da nossa fraqueza ou da nossa pobreza e é também com essa pobreza que nós somos enviados.”
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