Vida Consagrada: Responsável do Vaticano admite necessidade de mudanças, após denúncias sobre «burnout»

Suplemento feminino do «Osservatore Romano» aborda situação

Cidade do Vaticano, 29 jan 2020 (Ecclesia) – O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada (Santa Sé) admitiu, em entrevista ao suplemento feminino do jornal ‘L’Osservatore Romano’ que há necessidade de ver o papel das religiosas.

“Infelizmente, nalgumas ordens, as constituições colocam as mulheres a um nível inferior ao dos homens. A relação não pode ser de submissão nem de comando. Deve ser de igual dignidade na diversidade”, refere o cardeal brasileiro D. João Braz de Aviz.

A entrevista insere-se na edição de fevereiro de ‘Mulheres Igreja Mundo’, suplemento do jornal do Vaticano, dedicado ao tema “Vida Consagrada: resiliência e oração”.

Entre as questões abordadas está a “síndrome de burnout”, denunciando situações de “exaustão, colapso, stress, desgaste” entre as religiosas.

A UISG, a União dos Superiores Gerais, organizou um laboratório em Roma para discuti-lo e, em colaboração com a União dos Superiores Gerais, decidiu criar uma Comissão para o Cuidado das Pessoa, por três anos.

“O nosso objetivo é construir comunidades resilientes. Não devemos limitar-nos a intervir em casos individuais, mas considerar-nos dentro de um ecossistema”, sublinha a irmã Maryanne Lounghry, psicóloga e religiosa australiana.

Em reportagem publicada na última edição do suplemento feminino do ‘Osservatore Romano’, algumas religiosas denunciaram de forma anónima situações de exploração laboral e abusos por parte dos seus superiores.

O cardeal João Braz de Aviz realça que existe uma interpretação deficiente da obediência, dentro de algumas congregações religiosas, falando mesmo em clima de “medo”.

“Na verdadeira obediência, pelo contrário, é necessário dizer o que o Senhor sugere no íntimo, com coragem e verdade”, aponta.

O responsável do Vaticano adianta que o Papa decidiu criar em Roma uma casa para acolher religiosas que deixam as suas comunidades, “especialmente quando são estrangeiras”.

“O gesto do Papa Francisco foi maravilhoso. Visitei estas ex-religiosas e encontrei um mundo de feridas, mas também de esperança. Há casos muito difíceis, em que as superioras retiveram os documentos das religiosas que queriam deixar o convento, ou que foram mandadas embora”, denuncia o cardeal brasileiro.

O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada refere que o Vaticano esta a analisar “relatórios de casos” de abusos sexuais sobre e entre religiosas.

“Muitas coisas são verdadeiras, muitas não são, mas não escondemos o problema. O Papa pede-nos transparência total”, precisou.

OC

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Agência ECCLESIA

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