Vida consagrada: Religiosos querem afirmar a esperança com «autenticidade» e inteireza

D. António Couto afirmou que apesar de «a Igreja e o mundo» estarem «no charco», a «esperança nasce de tempos difíceis»

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Fátima, 18 fev 2023 (Ecclesia) – A irmã Maria da Graça Guedes disse hoje que os religiosos em Portugal precisam de cultivar a esperança, “não centrada neles próprios” mas a pensar naqueles com quem se cruzam.

“Apesar dos contratempos e contrariedades, nós como pessoas de fé, temos de entregar tudo a Jesus, e procurar aprender para encontrarmos connosco, uns com os outros para pudermos encontrar de facto a nossa esperança. A esperança não é centrada em nós próprios mas é a pensar naqueles que estão connosco, com quem estamos em missão, a nossa sociedade e sermos para o mundo sinais de esperança”, afirmou a presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) à Agência ECCLESIA.

A responsável reconheceu que a autenticidade e a inteireza são “muito importantes”.

“A autenticidade é muito importante. Sermos inteiros. Manifestar ao mundo, de forma coerente a adesão a Jesus, e ser sinal credível, com testemunho simples nas relações com todos”, referiu.

Perante o resultado do relatório da Comissão Independente (CI) para o estudo dos abusos sexuais de crianças na Igreja em Portugal, a presidente da CIRP afirmou a importância de cada um “tomar consciência e cuidar da sua vida interior”.

“Não é fácil ter os dados reais e objetivos sobre a vida de muitos consagrados e irmãos, mas penso que é importante dar tudo o que somos capazes para banir este mal que atinge a igreja neste momento. E isto passa por cada um tomar consciência de como é consagrado no mundo, como está a sua vida interior, e também por cuidar das vítimas como das pessoas que tiveram estes problemas e são apontados como abusadores”, referiu.

O padre Pina Ribeiro reconheceu que a esperança parece arredada da vida consagrada: “As vocações rareiam, as pessoas envelhecem, algumas instituições estão em fase terminal. Na Igreja há motivos perturbadores, decido a incoerência e contra testemunho, a sociedade vai afastando Deus do horizonte, e quem fala de Deus, pensa nos valores do Evangelho”, lamentou.

O missionário claretiano reconheceu que todos os cristãos devem ser “agentes de esperança”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

“Perante a Covid, a guerra na Ucrânia, as ameaças à paz, as alterações climáticas, a desigualdade que gera violência e miséria, todo o cristão tem de ser um agente de esperança. A esperança em que acreditamos não se baseia em indícios humanos, mas é uma esperança que vem de Deus: é tealogal, está acima dos acontecimentos”, indicou.

D. António Couto, convidado para ser conferencista na Semana de estudos da Vida consagrada, quis afirmar uma esperança que “nasce de tempos difíceis”.

“Estamos num charco, a Igreja e o mundo, devido à guerra, à pandemia, à pedofilia. Como é que vou sair deste charco? Quem me poderá retirar disto? Responder a esta pergunta mostra a esperança bíblica”, indicou à agência ECCLESIA.

O bispo de Lamego afirmou que embora estando numa situação “difícil”, e estando o mundo “a viver sem Deus”, é importante “falar de esperança”

“É importante falarmos disso. É importante as pessoas perceberem que não estamos numa situação fácil – precisamos de uma leitura atenta do mundo. Um mundo que vive sem Deus, mas que está ao lado de cada um e que vai ajudar a sair deste tempo”, explicou.

HM/LS

 

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