Superiora-geral portuguesa destaca «carisma unicamente missionário» da congregação nascida em França
Fátima, 29 ago 2019 (Ecclesia) – A nova superiora-geral das Irmãs Missionárias do Espírito Santo (Espiritanas), a religiosa Olga Maria dos Santos Fonseca, afirma que a congregação tem um “carisma unicamente missionário” e “experiências belas de conviver com outras religiões”, mesmo em minoria.
“Somos de carisma unicamente missionário e penso que isso também é importante para nós e para as pessoas que nos conhecem e descobrem. Não somos para ensino, para a saúde, somos para ir onde a Igreja ainda não teve alguém para enviar, e o nome de Jesus Cristo não é proclamado, nem conhecido”, disse a irmã Olga Fonseca, à margem do capítulo-geral que termina hoje em Fátima.
Em declarações à Agência ECCLESIA, a religiosa afirma que as missionárias têm “experiências belas de conviver com outras religiões” como no Senegal, onde uma “experiência bonita” é vivida “numa zona completamente muçulmana”, próxima da Mauritânia.
“Essas situações dão força para outras mais difíceis como na Nigéria, temos o Boko Haram (grupo fundamentalista islâmico), que é mais perigoso, mais difícil testemunhar este Evangelho mas as irmãs têm coragem”, desenvolveu.
Neste âmbito, exemplifica também que estão em Moçambique e, “agora”, vão para a Diocese de Pemba, na “fronteira com a Tanzânia, um sítio sobretudo fundamentalista”, e destaca ainda “situações diferentes” com as “religiões tradicionais africanas”, como na Guiné-Bissau, onde as freiras “estão em sítios bastantes isolados” como numa comunidade onde nem existe sacerdote e “estão com entusiasmo, alegria, porque é uma vocação, e há a graça da vocação para viver todos esses desafios e situações”.
“Todas as religiões são importantes, têm o seu positivo, temos de aprender a viver juntos, mas nos extremos é difícil proclamar a fé e vivê-la em comunhão, diálogo” e de “maneira aberta” acrescenta, adiantando que não tem pesquisas ou estatísticas para saber se os ataques originam a redução da prática cristã por medo.
O fundamentalismo por vezes é uma questão de armas, de política, que se mistura para defender direitos que podem ser legítimos mas a maneira de fazer tira legitimidade”, assinala, dando como exemplo o desemprego “vivido no extremo”, não poder dar de comer às famílias, viver uma vida alegre, feliz, “doenças, viver um certo conforto mínimo”.
Numa congregação que em 2021 celebra-se o centenário da sua fundação, a irmã Olga Fonseca tem “a missão de conduzir” as religiosas durante os próximos seis anos.
“Vai dar-nos a força de irmos ao espírito inicial da nossa fundadora e ver os começos para ter mais vida, mais ânimo, mais entusiasmo”, desenvolveu.
“Uma congregação pequena”, com 300 membros de 16 nacionalidades, “cada uma com a sua língua, com a sua cultura”, que representa “um desafio”.
A primeira portuguesa escolhida para superiora geral afirma a cultura onde cada um nasceu “não deve estar em primeiro plano, em relação à vida missionária”.
“O desafio maior é que o sangue que corre nas nossas veias não é das nossas culturas, é o sangue da nossa fé e do nosso carisma; claro que, quando estamos juntas, também danço o meu malhão, como elas as danças delas, e aprendemos os passos uma das outras”, explicou.
‘Se conhecesses o dom de Deus’ é o tema do capítulo que conta com 34 irmãs delegadas – de 16 países de quatro continentes – que escolheram também um Conselho-Geral para a coordenação das Espiritanas: A irmã francesa Agnès Simon-Perret, como 1ª assistente geral; a irmã cabo-verdiana Etelvina Mendes Tavares, que está colocada no Brasil; dos Camarões foi escolhida a irmã Honorine Woya que está no Haiti; e a irmã brasileira Maria Aparecida Meireles Cardiais.
HM/CB/OC
Olga Maria dos Santos Fonseca, natural de Fânzeres (Diocese do Porto) fez a primeira profissão religiosa a 25 de agosto de 1991, no ano seguinte foi para Paris aprender francês e viveu na República Centro Africana de 1993 até 1998, tendo feito os votos perpétuos em 1999.
A Espiritana regressou à capital francesa onde obteve um diploma em Ciências da Religião, na Universidade Católica, e estudou Jornalismo na Costa do Marfim, na Universidade Católica da África do Oeste, entre 2000 e 2003; no ano seguinte foi em missão para o Congo Brazzaville e, desde 2007, que era conselheira-geral. |
Fátima: Irmãs Espiritanas elegem pela primeira vez uma superiora geral portuguesa