D. José Cordeiro fala em «redescoberta desta espiritualidade do silêncio»
Bragança, 20 jan 2022 (Ecclesia) – A Diocese de Bragança-Miranda conta com três mulheres eremitas, duas portuguesas e uma espanhola, forma de Vida Consagrada que volta ao seu território e que a Igreja local acolhe “com surpresa e alegria”.
“Este renascer da vida eremítica entre nós, aqui na diocese – ela também já existiu e temos muitos exemplares, muitos testemunhos históricos e arqueológicos, até -, hoje, tem o significado de uma redescoberta desta espiritualidade do silêncio, da solidão, do encontro numa vida mais profunda com Deus”, refere D. José Cordeiro, administrador diocesano, em declarações enviadas hoje à Agência ECCLESIA pelo Secretariado das Comunicações Sociais da Diocese de Bragança-Miranda.
O organismo informa que, além dos Institutos de Vida Consagrada e das Congregações, femininas (6) e masculinas (2), bem como a recente fundação do Mosteiro Trapista de Santa Maria Mãe da Igreja, com 10 monjas, em Palaçoulo (Miranda do Douro), a diocese transmontana passa agora a contar com a presença de três eremitas.
“São três mulheres (de nacionalidades portuguesa e espanhola) que ao abraçarem o silêncio e a solidão, encarnam na vida quotidiana o chamamento pessoal que cada uma recebeu dentro do estilo de vida eremítico e que as distingue entre si”, assinala a nota de imprensa.
Este é assumido como compromisso na Regra de Vida que cada uma concebe em resposta a esse chamamento e que assina no dia em que é instituído o Eremitério que vai habitar, durante a Eucaristia celebrada no mesmo”.
As eremitas vivem em espaços próprios (com capela e a presença do Santíssimo Sacramento), onde se entregam à oração, à adoração, ao louvor e à intercessão por toda a Igreja e pelo mundo.
Um dos eremitérios (Eremitério Diocesano Nossa Senhora da Esperança) está localizado em Freixiel, no Concelho de Vila Flor; os outros dois (Eremitério Sagrado Coração de Jesus e Eremitério Diocesano Nossa Senhora do Rosário que começou em S. Pedro da Silva), estão localizados na freguesia de Palaçoulo, Concelho de Miranda do Douro.
O Catecismo da Igreja Católica dedica dois números à vida eremítica (920-921), sublinhando a manifestação do “aspeto interior do mistério da Igreja que é a intimidade pessoal com Cristo”.
D. José Cordeiro, presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, destaca que esta “é uma vocação, é um dom de Deus, uma graça”.
“Hoje há cada vez mais pessoas a buscar a vida eremítica. Para se ter uma ideia, em Itália são mais de 300 eremitas diocesanos, e em França são mais de 500. Até já há uma tese que estuda a vida eremítica no mundo e creio que neste momento são já mais de 20 mil os eremitas em todo o mundo”, acrescenta.
O responsável católico destaca que “ser eremita diocesano é ter esta perspetiva alargada da eclesialidade, da eclesiologia de comunhão, de missão”.
O administrador diocesano de Bragança-Miranda presidiu aos votos perpétuos da primeira eremita diocesana a 13 de maio de 2021 e aos da segunda eremita no dia 15 de janeiro de 2022, celebrações que tiveram lugar nas respetivas igrejas paroquiais, perante a presença de fiéis e sacerdotes.
A Direção de Cultura do Norte está a recuperar, desde 2019, o Eremitério ‘Os Santos’, em Miranda do Douro.
OC