Vicentinos: uma ajuda que precisa de ajudas

Combate à pobreza mobiliza milhares de portugueses em todo o país, num trabalho de proximidade A peregrinação da Sociedade São Vicente de Paulo (Conferências Vicentinas) é anualmente um encontro de reflexão mas também uma forma de traçar rumo e de perspectivar o futuro de quem combate, na prática e em contacto permanente, as questões da pobreza. Foi assim no fim de semana passado em Fátima. A Sociedade tem, desde o início do ano, personalidade jurídica que “é mais exigente em termos legais”, obrigando que as próprias conferências inseridas nas dioceses cumpram orientações que até aqui não tinham”, de modo a adaptarem a Sociedade “a uma associação de utilidade pública”. João Armando Rocha, o presidente da Sociedade São Vicente de Paulo destaca também a importância de ir “beber uma inspiração” para a acção que desenvolvem durante o ano. A sociedade tem de estar atenta às novas formas de pobreza que se apresentam. Nesse sentido, e considerando a Nota Pastoral, emitida no dia 19, pela Conferência Episcopal Portuguesa sobre “Desenvolvimento e Solidariedade”, “percebemos que essas preocupações são comuns com as que manifestamos”, confirma João Armando Rocha. Esta Sociedade está presente em todo o território nacional, implementados nas dioceses, “não em todas as paróquias mas prestamos especial atenção às comunidades onde não existe assistência social”, manifesta o Presidente. Esta realidade confere uma visão ampla sobre o quadro da pobreza nacional. A pobreza “anda em todas as dioceses, assume sim diferentes formas”. Nas cidades do litoral a pobreza manifesta-se nos toxicodependentes, nos sem abrigo e na prostituição. No interior, os vicentinos, percebem a pobreza na desertificação, “que conduz ao isolamento das pessoas idosas”. A grande fatia do seu trabalho é desenvolvida junto das grandes cidades e também de vilas e aldeias mais populosas. A mediatização das questões da pobreza “traz alguma luz sobre o assunto”, reflecte João Armando Rocha. O roteiro para a inclusão do Presidente da República ou o Nota Pastoral da CEP conduzem estas questões até à comunicação social, “mas continuamos a sentir que cada vez há mais pobres”. Esta realidade remete para uma interpelação do próprio trabalho que realizam, pois havendo um aumento de pobreza “que acção social andamos a fazer? e as outras instituições?”. A acção da Sociedade São Vicente de Paulo é “a primeira ajuda”, que resolve no imediato um problema da pessoa carenciada, mas que encaminha para um projecto de vida com respostas a longo prazo. Um trabalho contínuo e que os Vicentinos apostam em fazer mas que também ele, precisa de ajudas. A Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) foi fundada em Paris, em 1833, pelo advogado francês Frederico Ozanam, sob a invocação do Patrono da Caridade, São Vicente de Paulo. A SSVP é uma organização católica de leigos que privilegia a visita domiciliária acompanhando dezenas de milhares de pessoas em situação de doença, marginalidade, com carências económicas ou vítimas de solidão, nomeadamente, crianças com problemas, toxicodependentes e suas famílias, prostitutas, reclusos e suas famílias, desempregados, idosos e membros de minorias étnicas. Para além dessa actividade domiciliária ainda dirige e mantém lares e centros de dia, infantários e colónias de férias. A SSVP em Portugal tem cerca de 12 000 membros distribuídos por 1000 Conferências. Estas Conferências encontram-se associadas por 22 Conselhos Centrais. Em cada uma das dioceses de Portugal Continental, Madeira e Açores está implantado um Conselho Central.

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