Novo bispo do Alto Minho levou «confiança, entusiasmo, experiência» e vai começar por convidar a diocese «à alegria»
Viana do Castelo, 27 nov 2021 (Ecclesia) – O novo bispo da Diocese de Viana do Castelo partilhou hoje sonhos, preocupações e prioridades e disse que a Igreja tem que “se empenhar decididamente” na construção de uma “humanidade nova”, antes da cerimónia de tomada de posse.
“Um momento muito significativo para mim, sem dúvida, mas significativo para todos nós, estamos aqui para querer construir uma humanidade nova”, explicou D. João Lavrador, em conferência de imprensa.
No encontro, organizada pela Diocese de Viana do Castelo, o seu novo bispo afirmou que “há uma humanidade nova, há uma sociedade nova, há uma civilização nova a construir”, e é aqui que atuar e são “todos necessários”, por isso, considera que é algo onde “a Igreja tem que se empenhar decididamente”.
Aos jornalistas, que prolongam a voz da Igreja a quem “só” a pode ouvir pela comunicação social, destacou que foi para a nova diocese “com confiança, com entusiasmo”, e com a experiência que foi acumulando.
Escutar, dialogar e discernir são verbos e ações para D. João Lavrador iniciar este serviço no Alto Minho, e explicou que na escuta está o “desejo de querer conhecer até ao limite”, do que for possível, a realidade do “mais intimo e da riqueza” que este povo tem para oferecer.
Sobre dialogar recordou que o Concílio Vaticano II (CVII) diz que a Igreja “está no mundo para dialogar com este mundo”, e salientou a importância de discernir “num tempo com alguma perplexidade, às vezes, muito baralhado”, mas com “desejo de valores”.
“E é preciso discernir o que é bom, o que interessa, aquilo que pode defender a dignidade humana, o que temos de valorizar como verdadeiro valor no meio do mundo”, acrescentou o até agora bispo de Angra (Açores).
O novo bispo de Viana do Castelo disse que levou a “ânsia de aprender”, de se oferecer, “o sonho de trazer tudo o que a Igreja hoje é”, e como bispo do CVII “não pode ser teórico”, mas “real, muito prático, e muito atento às pessoas”.
“Gostaria de estar muito atento e procurar fazer sobressair na minha existência e atuação aquilo que é a alma deste povo do Alto Minho”, completou o novo responsável que tem o sonho de ter “comunidades vivas e atuantes”.
D. João Lavrador, que tomou da diocese na manhã deste sábado, na presença do núncio apostólico, D. Ivo Scapolo, e do Colégio de Consultores, também partilhou preocupações e a principal “é fazer que todos participem”, que todos possam “dar a sua opinião, sugestão”.
O bispo diocesano manifestou também preocupação com o “grau de marginalidade” no mundo e alertou para os “gritos terríveis” dos refugiados, e, em Portugal, para a pobreza, para as pessoas em situação de sem-abrigo, e para quem trabalha mas não tem “o necessário para o sustento da família”.
No contexto da pandemia Covid-19, referiu que “criou” novas situações de pobreza e potenciou as situações que já existiam, referindo que há “interesses do mundo” que “não olham à condição da pessoa”.
“A solidariedade pedida a partir do vírus podia ser aproveitada para livremente, conscientemente, humanamente, desenvolver uma maior equidade, uma maior solidariedade, fraternidade”, acrescentou, adiantando que “aumentou a procura de ajuda” na Cáritas Diocesana, e partilhou “apreço” pelo rendimento de inserção social.
Os jovens, a quem é necessário “dar a formação para estarem conscientes da sua juventude, do mundo atual, e do que a Igreja lhe pede”, e a família também são uma prioridade do bispo que alertou para “uma mentalidade” que projeta para uma “sociedade envelhecida”.
Este domingo, pelas 15h30, decorre a Eucaristia da entrada solene do novo bispo, na Sé de Viana do Castelo, com a presença de autoridades civis, eclesiásticas e militares.
D. João Lavrador adiantou que vai começar a homilia a “convidar à alegria”, porque a Igreja é de alegria “ou então não cativa”, nomeadamente os jovens, que têm uma linguagem própria e a “Igreja tem este desafio”.
Uma entrevista ao novo bispo de Viana do Castelo, nomeado pelo Papa Francisco a 21 de setembro, é o destaque do Programa ECCLESIA deste domingo, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública.
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