Viana concluiu fase diocesana da causa de canonização de Maria Pinto da Rocha

Eram 11h05 da passada Segunda-feira quando o Bispo de Viana do Castelo, D. José Pedreira, após vinte anos de estudo e recolha de documentação, declarou encerrada a fase diocesana da Causa de Canonização de Maria da Conceição Pinto da Rocha, prosseguindo agora o processo em Roma.

Os juramentos e as assinaturas de todos os intervenientes do Tribunal Eclesiástico nomeado para este processo e do próprio Bispo Diocesano, bem como a selagem de toda a documentação e a sua lacragem para o envio para a Congregação da Causa dos Santos, em Roma, constitui-o o núcleo de uma sessão pública que decorreu no salão nobre da Cúria Diocesana.

O Promotor de Justiça deste processo de canonização da fundadora das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, padre José Correia Vilar, explicou que este processo dura há mais de 7500 dias, ou seja vinte anos e oito meses e sete dias, tendo originado um volume de documentos que ultrapassa as 11 500 páginas.

A sessão de abertura, depois da obtenção de licença de Roma, deu-se em 1989, tendo a “causa de canonização” sido introduzida pelo então Bispo de Viana do Castelo, D. Armindo Lopes Coelho.

O Tribunal constituído para este efeito, a trabalhar desde então, realizou 61 sessões para a «audição de testemunhas» apresentadas pelo Postulador e outras chamadas pelo próprio Tribunal que, em poucos meses, deram origem a cerca de 500 páginas dos autos.

Depois, prosseguiu o padre José Correia Vilar, foram meses de «confronto minucioso» de manuscritos de Maria Pinto da Rocha, «na sua maioria» em «carvão de lápis».

Um grupo destes manuscritos é constituído por «cartas» a familiares», particularmente ao irmão sacerdote Jesuíta, a pessoas que «pediam conselho», a padres religiosos e diocesanos. Outros manuscritos dizem respeito a «pedidos», «quase sempre alcançados», dos mais variados favores desinteressados à pessoa em causa neste processo. Um outro grupo de cartas é dirigido a pessoas conhecidas ou anónimas, de cargos influentes ou não, a Bispos e mesmo a Papas.

A restante documentação recolhida e estudada revela «reflexões pessoais» escritas em «horas curtas da noite ou, de forma velada, no dia alto», «circulares mensais» de formação e reflexão distribuídas a um grupo de mulheres companheiras/discípulas, a semente da Congregação mais tarde fundada, e «simples bilhetes de recados».

Toda esta documentação foi selada, segunda-feira, em capas brancas com «cópias autênticas e autenticadas» umas para ficarem no Arquivo da Cúria Diocesana, outras para seguirem para Roma a fim de se fazer a avaliação do processo de canonização.

O acto solene que se viveu, pela primeira vez na curta vida da diocese de Viana do Castelo, «não traz no ventre nenhuma garantia do avanço da Serva de Deus à beatificação ou ao pedestal da santidade».

Neste aguardar do seguimento do processo na Congregação da Causa dos Santos, o padre José Correia Vilar, incentivou a que as pessoas continuem a pedir «um milagre que permita iniciar um novo processo de análise e prosseguimento para a fase de beatificação.

Finalmente, o Promotor da Justiça deixou garantia de que todos os que participaram neste processo puseram todo o «empenho, competência e disponibilidade até à exaustão» na organização e prossecução até encerrar esta fase, assumindo o compromisso de manter em segredo tudo o que conheceram ao longo do processo.

O sacerdote Jesuíta, Dário Pedroso, Postulador da Causa, foi nomeado portador de duas cópias autenticadas do processo para as levar a Roma e entregar ao Prefeito da Congregação das Causa dos Santos.

D. José Pedreira sublinhou que este acto que dirige a atenção para alguém que existiu no mundo e que pensamos que atingiu um grau de perfeição da vida cristão é um «dom para a Igreja inteira» e não apenas para esta Igreja vianense.

Também o Bispo exortou a que se reze para que Deus nos revele que «podemos recorrer com confiança à intercessão da Serva de Deus».

Paulo Gomes

 

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