A Igreja Católica na Venezuela está preocupada com a possibilidade de ver confiscadas as suas escolas e hospitais, na sequência da reforma constitucional promovida por Hugo Chávez. O novo texto da Constituição, aprovado no passado mês de Agosto, deixa caminho aberto para a nacionalização dos sistemas de saúde e educativo. “Espero estar enganado quando penso que este seja o próximo passo a dar pelo Governo”, refere um sacerdote, director de uma escola católica, à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Falando sob anonimato, por motivos de segurança, este padre revela que a sua acção a nível escolar tem estado cada vez mais sob ameaça. O Estado exerce uma pressão crescente sobre as matérias de ensino e as insituições escolares são obrigadas a utilizar manuais aprovados pelo regime e destinados à “indoutrinação”. A Igreja queixa-se das campanhas que visam denegrir a sua imagem, em especial os ataques de Chávez a altas figuras da hierarquia venezuelana, num tom cada vez mais agressivo. Javier Legorreta, um dos especialistas da AIS para a América Latina, assegura que no país há uma “ameaça crescente” à vida e missão da Igreja. “Estamos a seguir a situação muito de perto e estamos profundamente preocupados”, assegura. O vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuela (CEV), D. Roberto Lukert, afirmou ontem que não descarta a realização de uma campanha contra a reforma constitucional. “Estão a impor-nos um militarismo democrático, mal chamado de democrático, pois há consulta, referendo, e vai parecer que este é um país democraticamente constituído (…), mas lamentavelmente não é assim. É a vontade de um cavalheiro que adiou por seis meses a reforma e agora nos impõe três meses para podermos aprová-la”, afirmou o Arcebispo à emissora Unión Radio. Redacção/Departamento de Informação da AIS