Conferência Episcopal disponível para criar «canais de diálogo» com o Governo
Caracas, 08 jul 2016 (Ecclesia) – A coligação da oposição da Venezuela, Mesa de Unidade Democrática (MUD), pediu ao Vaticano que se una a uma mediação internacional para promover o diálogo com o Governo de Nicolás Maduro.
“É necessário alargar a mediação. Entendemos que é fundamental a participação de um representante da Santa Sé e/ou a implicação de mais ex-presidentes”, refere um comunicado da MUD, divulgado na noite desta quinta-feira.
O texto fala numa “grave crise humana”, em particular por causa da “falta de medicamentos”, da “carência de alimentos” e da situação económica.
A coligação, com maioria no Parlamento, manifestou disponibilidade para participar numa primeira reunião, já na próxima terça-feira.
Em maio, o Papa Francisco enviou uma carta ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, depois de na mensagem proferida no Domingo de Páscoa (27 de março), ter falado publicamente sobre as “difíceis condições” em que vive o povo venezuelano, pedindo a criação de “espaços de diálogo e colaboração ente todos”.
O presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), D. Diego Padrón, afirmou na quinta-feira que o governo de Maduro não tinha “autoridade moral para apelar ao diálogo e à paz”, criticando a “incapacidade” do Governo para resolver a situação do país, que tem levado à “violência social”.
Na abertura da assembleia plenária da CEV, o responsável lamentou a “ingovernabilidade” do país e a “brutal repressão” na vida social, convidando o executivo a reconhecer a “gravidade da situação”.
A MUD tenta revogar o mandato do sucessor de Hugo Chávez com a realização de um referendo.
Para D. Diego Padrón, “consultar e acatar a decisão do povo é um imperativo moral” e o referendo é uma saída democrática que pode impedir uma “espiral de ódio”.
O presidente da CEV declarou que os bispos não são “opositores” nem “profetas do desastre”, antes de oferecer os “bons serviços da Igreja” para criar “canais de diálogo”.
A Nunciatura Apostólica em Caracas anunciou em maio o cancelamento de uma visita à Venezuela do secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, D. Paul R. Gallagher, por “motivos alheios” à Santa Sé.
A viagem do responsável diplomático previa a ordenação de um bispo, encontros com autoridades políticas e representantes da oposição, entre os dias 24 e 29 de maio.
O atual secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, era, antes de assumir este cargo, núncio apostólico (representante da Santa Sé) em Caracas.
OC