Venezuela: Cáritas lança campanha para distribuição de água

Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais revela que 80% da população está sem água potáve

Caracas, 30 jan 2020 (Ecclesia) – A Comissão Pastoral Social da Cáritas, da Conferência Episcopal da Venezuela, está a dinamizar a campanha ‘Água para todos, vida plena para todos’, num país onde oito venezuelanos, em dez, “não recebem água potável”.

“A problemática da falta de água atinge também os hospitais e outros centros de saúde na Venezuela, e isso é uma permanente fonte de contaminação pois coloca a vida dos pacientes a risco. Um hospital sem acesso à água não pode fornecer um serviço adequado”, explica a organização católica.

A Campanha Partilhar 2020 decorre durante o Tempo da Quaresma até à Semana Santa.

A Cáritas Venezuela desenvolveu diversos materiais de acompanhamento, como um livro com cinco folhetos de formação sobre temas ligados à água como um direito humano; um livreto para crianças, panfletos com informações sobre métodos para purificar a água, posters, uma bolsa de estudo para um retiro em preparação da Páscoa, uma Via-Sacra, que vão ser distribuídos nas paróquias da Venezuela e vão estar disponíveis online, no seu sítio na internet – www.caritasvenezuela.org.

Num comunicado, a organização católica lembra que em cada dez venezuelanos, “oito não recebem água potável”, segundo as estatísticas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).

A Cáritas Venezuelana fez um estudo sobre o estado nutricional e a segurança alimentar das famílias com crianças com menos de 5 anos, entre janeiro e março de 2019: “71% das famílias tem apenas uma torneira em casa, 53% delas não receberam água na última semana ou apenas três dias por semana”, “93%” das famílias não recebem água tratada, o uso do cloro como sistema de saneamento quase não existe – “apenas 2%”; 31% das famílias usam filtro.

Para a Organização Mundial da Saúde, “85% das causas de doenças e de morte no mundo estão associadas à falta de acesso à água e ao consumo de água contaminada”, cita a instituição.

Neste contexto, recordou também os estudos do Instituto de Medicina Tropical, da Universidade Central da Venezuela, que confirmaram que “a ausência total de água levou as pessoas a situações desesperadoras, como o uso da água dos rios, como o Guaire que é um coletor de todos os esgotos e efluentes da cidade”.

A Comissão Pastoral Social da Cárita Venezuelana recorda que ‘água potável e saneamento’ é o objetivo do Desenvolvimento Sustentável número 6, do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, que pretende “garantir o acesso à água potável segura e com preços acessíveis para todos até 2030”.

Em informação enviada à Agência ECCLESIA, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre refere que o bispo de San Felipe e administrador apostólico da Arquidiocese de Barquisimeto denunciou que a “pobreza mais abjeta” afeta milhões de pessoas na Venezuela.

No dia da Divina Pastora (14 de janeiro), numa das peregrinações mais populares do país, D. Victor Hugo Basabe alertou que na Venezuela vive “um povo sitiado”, a quem se nega o “básico da vida”, e está “ansioso por mudanças”.

O secretário português da fundação pontifícia AIS adianta que se calcula que “aproximadamente 15% da população tenha abandonado a Venezuela”, isto é “cerca de 4,5 milhões de pessoas”, “30 por cento das crianças” sofrem de desnutrição e de “cerca de 60% das famílias” procuraram comida na rua.

CB

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