Venezuela: Bispos temem «explosão social»

Oito dias depois das eleições cujo resultado é contestado, Conferência Episcopal pede que «políticos se sintam membros do povo» e mantenham «diálogo construtivo» a bem da «democracia»

Lisboa, 06 ago 2024 (Ecclesia) – D. Mario Moronta Rodríguez, vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana e Bispo de San Cristóbal, afirmou temer uma “explosão social”, decorridos oito dias das eleições presidenciais cuja vitória é reivindicada por Nicolás Maduro e contestada pela oposição.

“Oxalá os líderes políticos se sintam membros do povo. Em segundo lugar, que não se sintam donos da democracia e, em terceiro lugar, no diálogo construtivo procurem o bem da democracia, o bem do povo”, pediu, citado numa entrevista ao Vatican News.

Perante o prolongar da situação o vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana afirma que o cenário menos desejado é a violência estender-se a uma “explosão social”.

“Continuamos confiantes de que, com a ajuda dos especialistas, mas sobretudo com a boa vontade dos líderes políticos, seja ouvida e seja colocada em prática a vontade das pessoas”.

O bispo fala num trabalho conjunto junto dos padres, das comunidades e também com instituições religiosas não católicas para que a paz seja encontrada e agradece o apelo de “instituições internacionais, muitas Igrejas e conferências episcopais de outros países que rezam pela Venezuela”.

“Um dos piores cenários, na minha opinião, seria que, se a situação não fosse resolvida, se caia na indiferença e poderia haver um novo grupo de migrantes que deixaria a Venezuela à procura de uma nova situação. Esperamos, por isso volto a insistir que esperamos que prevaleça a consciência, a inteligência e o sentido de serviço ao povo”, sublinha.

A Venezuela realizou uma eleição presidencial no dia 28 de julho e o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória a Nicolás Maduro, presidente em exercício, com cerca de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Edmundo González obteve quase 70% dos votos; a comunidade internacional pede uma contagem de votos transparente e a publicação das atas eleitorais.

Oito dias depois das eleições, os resultados não são claros e assistem-se a manifestações nas ruas.

O episcopado fala numa “situação inédita” cujo “panorama muda rapidamente”.

“Tem havido manifestações, algumas de caráter lamentavelmente um pouco violento, com uma série de mortos e feridos tanto do lado civil como do lado policial, mas as pessoas também se manifestam por meios pacíficos para mostrar a sua desaprovação e pedir que a vontade do povo seja ouvida”, indica.

O responsável garante que a Igreja, “não apenas os bispos, mas também os sacerdotes, os diáconos e muitos agentes pastorais leigos”, intensificaram “a sua presença e proximidade com o povo”, procurando partilhar as dores mas também a esperança.

LS

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