Venezuela: Bispo alerta para «grupos armados e violentos» que podem matar «por um telefone ou um par de sapatos»

D. Jaime Villarroel afirma que Governo transformou o país num «campo de concentração»

Foto: AIS

Lisboa, 28 out 2019 (Ecclesia) – O bispo de Carúpano, D. Jaime Villarroel, disse que o governo de Nicolás Maduro transformou a Venezuela num “campo de concentração” e as pessoas estão trancadas em casa porque as ruas são controladas “por grupos armados e violentos”.

“Um governo, sabendo o que seu povo sofre, deixa as crianças morrer por desnutrição, o povo por falta de remédios para a pressão ou antibióticos, e permite que grupos violentos controlem a cidadania, faz com que o país seja um campo de concentração”, disse o bispo da cidade na costa nordeste da Venezuela.

Em declarações enviadas à Agência ECCLESIA pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, D. Jaime Villarroel explicou que estes grupos podem matar “por um simples telefone ou um par de sapatos”.

Por vezes, adianta o bispo de Carúpano, uma família “não chega a ter o equivalente a dois euros por mês” para sobreviver e, neste contexto, alerta que a situação é tão extrema que “há famílias que nem têm dinheiro para enterrar os seus parentes de maneira digna”.

A crise económica e a violência levaram a que 4,5 milhões de venezuelanos emigrassem, “a grande maioria atravessando a fronteira da Colômbia”, e outros países da região, nomeadamente Trindade e Tobago.

Neste contexto, D. Jaime Villarroel alerta para o sequestro de pessoas e o tráfico de órgãos, uma vez que as máfias locais “oferecem a possibilidade de financiar a viagem” a quem não tem meios económicos.

“É uma tragédia que se assemelha à que a Europa viveu depois da II Guerra Mundial, quando muitas pessoas, por pensarem de forma diferente, foram levadas para os campos de concentração e exterminadas. A Venezuela está nesta situação”, comparou o bispo de Carúpano.

A 14 de julho, o Papa Francisco lembrou o “perdurar da crise” na Venezuela e pediu às partes em conflito que cheguem a um acordo “quanto antes” para que termine o “sofrimento da gente de bem do país”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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