Cidade do Vaticano, 08 mai 2011 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje que o Evangelho é a “maior força de transformação do mundo”, mas não é “uma utopia nem uma ideologia”, num discurso que encerrou a visita de dois dias ao nordeste da Itália.
Perante representantes do mundo da cultura, da arte e da economia reunidos na basílica da Saúde, em Veneza, o Papa disse que o cristianismo concebe uma “cidade santa, completamente transfigurada pela glória de Deus, como uma meta que move os corações dos homens e empurra os seus passos, que anima o compromisso fatigante e paciente para melhorar a cidade terrena”.
“Auscultamos estas expressões num tempo em que se exauriu a força das utopias ideológicas e não só o otimismo se obscureceu, mas também a esperança está em crise”, acrescentou.
Depois de ter deixado a basílica de São Marcos, o Papa seguiu pelos canais de Veneza, acompanhado por várias embarcações, indo ele próprio a bordo de uma gôndola.
Nesta cidade, Bento XVI disse ser natural falar de “água”, um “símbolo ambivalente” que se refere à vida, mas também à morte.
Aos representantes da cultura e da economia presentes neste encontro, o Papa falou numa cultura europeia “líquida”, por causa da “pouca estabilidade ou mesmo a sua ausência de estabilidade, a mutabilidade, a inconsistência que por vezes parece caracterizá-la”.
Em vez desta cultura do “relativo e do efémero”, o discurso papal sugeriu uma “cidade que renova constantemente a sua beleza” a partir das “fontes benéficas da arte, do saber, das relações entre homens e entre povos”.
Sobre Veneza, o Papa disse que tem “uma longa história e um rico património humano, espiritual e artístico para ser capaz, também hoje, de oferecer um precioso contributo, ajudando os homens a acreditar num futuro melhor”.
Depois deste apontamento, Bento XVI visitou e abençoou a restaurada capela da Santíssima Trindade, diante dos seminaristas da diocese italiana, e inaugurou novos espaços na biblioteca do ‘Studium Generale Marcianum’, pólo pedagógico-académico do Patriarcado de Veneza.
De barco, o Papa deixou a cidade rumo ao aeroporto Marco Polo, de Veneza-Tessèra, regressando a Roma após a sua 23ª viagem em solo italiano, iniciada este sábado, com passagens pelas localidades de Aquileia, Mestre e Veneza.
OC
Notícia atualizada às 19:18