«Vatileaks»: Vaticano começa a julgar cinco pessoas por obtenção ilícita e divulgação de documentos confidenciais

Promotor de Justiça diz que não está em causa o direito à liberdade de imprensa

Cidade do Vaticano, 24 nov 2015 (Ecclesia) – O Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano vai começou hoje a julgar cinco pessoas acusadas de “divulgação ilícita de notícias e documentos reservados”, incluindo os autores dos livros ‘Via Crucis’ e ‘Avarizia’, publicados na Itália.

A audiência preliminar contou com a presença de monsenhor Angel Vallejo Balda, Francesca Immacolata Chaouqui, Nicola Maio e os jornalistas Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi, acompanhados pelos respetivos advogados.

O promotor de Justiça do Vaticano respondeu às críticas que foram feitas sobre este julgamento, argumentando que “não se pretende desprezar a liberdade de imprensa”.

Em resposta a uma intervenção de Emiliano Fittipaldi, que contestava as acusações e sublinhava o seu direito a publicar notícias, enquanto jornalistas, o promotor de Justiça observou que a acusação se refere à “atividade desenvolvida para obter as notícias e os documentos publicados”.

Fittipaldi e o seu advogado contestaram a “falta de precisão” sobre os factos em causa, assinala uma nota divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.

Os juízes marcaram a próxima audiência para o dia 30 de novembro, às 09h30 (menos uma em Lisboa), tendo em vista os interrogatórios aos acusados, que vão começar pelo padre Vallejo Balda.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa pediu oficialmente ao Vaticano que retirasse as acusações que tem contra dois jornalistas.

Segundo nota divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé este sábado, Fittipaldi e Nuzzi “solicitavam e exerciam pressões, sobretudo em relação a Vallejo Balda, para obter documentos e notícias confidenciais, que depois utilizaram em parte para a redação de dois livros publicados na Itália em novembro de 2015”.

Monsenhor Lucio Vallejo Balda, em prisão preventiva desde 1 de novembro, e Francesca Chaouqui foram respetivamente secretário e membro da Comissão relativa ao estudo e orientação sobre a organização das estruturas económico-administrativas da Santa Sé (COSEA), instituída pelo Papa em julho de 2013 e posteriormente dissolvida, após cumprir o seu mandato.

Nicola Maio, cujo nome foi agora divulgado pela primeira vez em relação a este processo, é um ex-colaborador do padre Vallejo Balda na COSEA.

Os três vão responder por associação criminosa para “divulgação de notícias e documentos relativos aos interesses fundamentais da Santa Sé e do Estado” da Cidade do Vaticano, que “conseguiram ilegitimamente”.

Ainda esta manhã, o Papa Francisco visitou a sede do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o ‘Banco Vaticano’.

O Papa reuniu-se com o Conselho de Supervisão do IOR durante cerca de 20 minutos e comunicou a nomeação do novo diretor-geral do Instituto, Gianfranco Mammì, revela a sala de imprensa da Santa Sé.

OC

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