Especialista mostrou-se otimista com o compromisso da Igreja em Portugal, após encontros de formação
Fátima, 01 jun 2021 (Ecclesia) – O padre Hans Zollner, membro da Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores (CPTM), disse à Agência ECCLESIA que as alterações promovidas pelo Papa na disciplina penal canónica são um estímulo para a luta contra abusos sexuais.
“É um sinal importante para muitas pessoas, dentro e fora da Igreja. Queremos colaborar para que a Igreja seja mais segura, para todos, especialmente para as pessoas mais vulneráveis”, referiu o religioso jesuíta.
O Papa publicou hoje a constituição Apostólica ‘Pascite gregem Dei’, promovendo uma reforma do Código de Direito Canónico (CDC) no que se refere às sanções penais na Igreja, com atenção particular aos casos de abusos sexuais.
O texto, divulgado pelo Vaticano, altera o Livro VI do CDC e revê a disciplina penal que existe desde 1983, visando evitar “o risco de contemporizar com comportamentos contrários à disciplina”.
Os casos de abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis, posse ou divulgação de pornografia são agora inseridos numa secção especificamente dedicada aos “delitos contra a vida, a dignidade e liberdade do homem”.
“Vimos muitas mudanças nos últimos 20 anos e a reforma do Livro VI do Código de Direito Canónico congrega tudo o que foi feito”, assinala o padre Zollner, que destaca as alterações promovidas pelo Papa Francisco, “especialmente nos últimos cinco anos”.
“Estou convencido de que esta não será a última etapa, mas é uma etapa necessária que a Igreja se move, talvez não tão rapidamente como gostaríamos, mas move-se e com certa consistência”, indica, a respeito das alterações no Direito Canónico.
A Conferência Episcopal Portuguesa promoveu este sábado, em Fátima, um encontro de formação sobre o tema da proteção de menores, orientada pelo padre Zollner, que na segunda-feira guiou uma nova sessão, com os superiores das congregações religiosas em Portugal; hoje, o sacerdote encontra-se com os membros do clero da Arquidiocese de Braga.
O religioso jesuíta, membro da CPTM desde a sua criação, em 2014, disse esta segunda-feira à Agência ECCLESIA ter ficado “muito satisfeito, surpreendido, pela positiva” pelo acolhimento que recebeu em Portugal e a “liberdade com que as pessoas participaram” nas formações.
“Senti um clima de grande interesse e grande abertura por este tema, que talvez não existisse, no começo”, acrescentou.
O padre Zollner sublinhou que “não houve resistências” às indicações apresentadas e que encontrou “muita disponibilidade para entrar nestas questões difíceis”.
“Estou otimista, penso que, a partir daqui, podemos seguir em frente, juntos, e que a Igreja portuguesa, representada pelas comissões diocesanas e o mundo religioso, com os bispos presentes, podem dar grandes passos pela prevenção e a justiça para as vítimas”, conclui.
HM/OC
Vaticano: Papa endurece aplicação de sanções para casos de abusos sexuais