Vaticano pede novos mecanismos legais e pastorais para a defesa do embrião

Academia Pontifícia para a Vida denuncia «genocídio» Especialistas de todo o mundo estiveram reunidos no Vaticano para debater questões relacionadas com o estatuto do embrião no Congresso Internacional “O embrião humano na fase pré-implantatória. Aspectos científicos e considerações bioéticas”. A iniciativa desenrolou-se de 27 a 28 de Fevereiro, englobada na da XII Assembleia Plenária da Academia Pontifícia para a Vida (APV), que hoje se concluiu. Durante os trabalhos, foram vários os apelos em favor da defesa do embrião humano, em qualquer fase do seu desenvolvimento. Jean-Marie Le Mené, membro da APV, defendeu mesmo que “votar num candidato que não respeite o embrião constitui uma grave falta de caridade”. O relator dos trabalhos do Congresso centrou-se no dever de “proteger por lei o embrião, na sua fase pré-implantatória”, propondo que, também na Igreja, esta realidade motive novas respostas, como “a criação, em cada diocese, de uma estrutura estratégica, especializada na defesa da vida e distinta do cuidado pastoral pela família, reunindo especialistas com convicções profundas sobre a humanidade e a personalidade do embrião”. O objectivo seria difundir “uma resistência activa ao genocídio programado do embrião na fase anterior à implantação, antecâmara da clonagem humana”. Nesse sentido, a APV sente a necessidade de “impor a todos os que têm uma função de ensino ou uma responsabilidade pastoral na Igreja, a nível paroquial, o dever de exprimir-se sistematicamente, antes de cada consulta eleitoral, e pelo menos uma vez por ano” sobre o tema da vida. Os políticos cristãos, em particular, devem procurar mais do que “não fazer”, avançando, pelo contrário, com “propostas positivas e inovadoras para proteger o embrião”. No início dos trabalhos, Bento XVI manifestou-se em favor da defesa da vida humana, desde a sua concepção até à morte natural, frisando que, para Deus, não existe diferença entre “o embrião no ventre da sua mãe, a criança, o jovem, o homem maduro e o idoso”. O Papa reafirmou a posição da Igreja, para quem “toda a vida humana é sagrada e inviolável, desde a sua concepção até ao seu fim natural”. Em nome desta convicção, a Igreja opõe-se ao aborto, à eutanásia e às manipulações de embriões humanos. O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, Cardeal Javier Lozano Barragán, deu início ao Congresso Internacional, defendendo que “o tratamento dos embriões para fins científicos é uma outra forma de supressão da vida”. Para este responsável da Cúria Romana, é fundamental que o embrião não seja tratado como mero “material para experiências” ou como objecto de “manipulações”, no âmbito da engenharia genética, evitando proceder “sem nenhum respeito pela vida enquanto tal”. O Pe. Jean Laffitte, vice-presidente da APV, defendeu, por seu lado, uma profunda reflexão sobre a natureza do embrião para “lhe oferecer um estatuto jurídico”. “Não podemos dispor da vida humana como dispomos de uma matéria química ou biológica”, precisou. Entre os temas em debate, destacou-se a questão do diagnóstico pré-implantatório, tendo resultado, da reflexão, um alerta para o facto deste diagnóstico “não ser feito para curar, mas para eliminar os embriões doentes”. A Academia Pontifícia para a Vida foi instituída por João Paulo II em 11 de Fevereiro de 1994, com o Motu Proprio “Vitae Mysterium”. Tem como objectivo o estudo, a informação e a formação sobre os principais problemas de bioética e de direito, relativos à promoção e defesa da vida, sobretudo na relação directa que estes têm com a moral cristã e com as directivas do magistério da Igreja Católica.

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