Vaticano: Patriarca aponta a maior presença de leigos e leigas com renovação da Cúria Romana

D. Manuel Clemente disse ainda esperar valorização da língua portuguesa

Cidade do Vaticano, 13 fev 2015 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, disse hoje no Vaticano que os trabalhos para a reforma da Cúria Romana visam a simplificação das estruturas, apontando a uma maior presença de leigos, incluindo mulheres.

“É natural que o seu papel seja reforçado, leigos ou leigas, como aliás já funciona nalguns serviços da Cúria Romana”, precisou, alertando que há “muito caminho para andar” até à conclusão da renovação destes organismos.

Falando aos jornalistas à saída de um encontro de trabalho que reuniu 164 cardeais e futuros cardeais com o Papa Francisco, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa falou num caminho de “simplificação”, que visa “evitar duplicações” e “conjugar trabalhos” nos organismos centrais do governo da Igreja Católica.

D. Manuel Clemente admitiu que a prevista centralização dos setores da família e do laicado católico, para além das instituições mais ligadas “ao social, à caridade”, possa dar um maior protagonismo a católicos que não são membros do clero ou religiosos.

O responsável disse não notar “resistências” às propostas que têm vindo a ser apresentadas, mas apenas “chamadas de atenção” para uma visão de “conjunto” e para o necessário “equilíbrio”.

“Noto a preocupação de que tenhamos em conta o que está estabelecido, que não se tomem decisões que ponham em causa outras que foram tomadas antes”, precisou, lembrando que “às vezes alguma precipitação legislativa põe em causa outras coisas que estão em vigor”.

Na sua primeira participação num consistório – reunião de cardeais convocada pelo Papa para debater assuntos importantes da vida da Igreja – D. Manuel Clemente disse ter encontrado o mesmo Francisco “determinado”, que durante os trabalhos “deixa falar, sobretudo”, escutando todos, e depois “tira conclusões e dá seguimento aos assuntos”

A respeito destes encontros, o patriarca de Lisboa disse que seria “importante” uma maior valorização da língua portuguesa nos trabalhos das grandes reuniões de cardeais e da Santa Sé.

“Seria bem importante, porque o português tem uma expressão grande na vida da Igreja”, referiu.

Após realçar que “ainda não se fala português como língua oficial” nestes encontros e noutros similares, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que a língua permite uma aproximação entre os vários cardeais lusófonos, que vão passar a ser 13 a partir de domingo, sete dos quais com direito a voto num eventual conclave.

D. Manuel Clemente confessa que a língua materna “ajuda muito” nos encontros entre prelados de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, os países de língua portuguesa com representação no novo Colégio Cardinalício da Igreja Católica.

“Quando falamos em português há muitas coisas que vêm ao de cima e que têm a ver com o nosso património comum”, acrescentou o patriarca de Lisboa.

Em relação ao consistório deste sábado, em que vai ser criado cardeal, o patriarca confessou que é um dia “muito importante” e apresentou-se como um “aprendiz do ofício”, uma “grande responsabilidade”, por exigir um trabalho mais próximo do Papa.

“Eu quando fui para padre queria ser pároco e nem sequer era na cidade”, recorda.

Os participantes neste encontro têm abordado, durante os intervalos, alguns temas e problemáticas sociais, mas D. Manuel Clemente lembra que, para lá da austeridade na Europa, “quando se fala da Igreja, fala-se de regiões do mundo onde essas questões são multiplicadas por mil”.

OC

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