Sexta-feira Santa: Coleta anual para a Terra Santa evoca contexto de «falta de peregrinos e turistas»

Papa vai lançar projeto humanitário na Palestina, apelando à ajuda dos católicos

Foto: LPJ.org

Cidade do Vaticano, 29 mar 2024 (Ecclesia) – O Vaticano anunciou que o Papa vai lançar um projeto humanitário na Palestina, recordando os efeitos do início da guerra em Gaza, após os ataques terroristas contra Israel, a 7 de outubro de 2023.

“O Santo Padre pretende realizar, em Gaza ou na Cisjordânia, um projeto com fins humanitários que possa ajudar a população a retomar uma vida mais digna e que possa criar oportunidades de trabalho, uma vez terminada a guerra”, anuncia convocatória da coleta anual para as comunidades da Terra Santa, que se realiza hoje, Sexta-feira Santa.

A Santa Sé adianta que este projeto “poderia ser realizado com as ofertas dos fiéis de todo o mundo que participam na Coleta pela Terra Santa”.

Uma nota divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé destaca que o conflito “paralisou a Terra Santa”.

“A falta de peregrinos e turistas colocou milhares de famílias em dificuldades”, alertam os responsáveis do Dicastério para as Igrejas Orientais, recordando o trabalho de “proximidade” que tem sido feito através da Delegação Apostólica em Jerusalém, do Patriarcado Latino e da Custódia da Terra Santa.

A “Coleta para a Terra Santa” nasceu por iniciativa dos Papas, para “manter uma forte ligação entre todos os cristãos do mundo e os Lugares Santos”, sendo a principal fonte de sustento das comunidades locais.

São Paulo VI, através da Exortação Apostólica “Nobis in Animo” (25 de março de 1974), reforçou esta tradição, após a sua peregrinação de 1964 à Terra Santa.

Os donativos recolhidos (cerca de 6,6 milhões de euros em 2023) serviram as comunidades de Jerusalém, Palestina, Israel, Jordânia, Chipre, Síria, Líbano, Egipto, Etiópia, Eritreia, Turquia, Irão e Iraque.

Na Universidade de Belém, por exemplo, “cerca de 3300 jovens, muçulmanos e cristãos, são formados intelectualmente e humanamente com a esperança de se empenharem na construção de um país onde reine o respeito mútuo e a dignidade humana seja preservada”.

A Santa Sé recorda ainda os efeitos do terramoto de 6 de fevereiro de 2023 nas regiões do noroeste da Síria, do sul e do centro da Turquia.

“Na Síria, a situação é muito mais grave, tendo em conta a situação precária do país mesmo antes do terramoto. O Dicastério, em colaboração com a Nunciatura Apostólica na Síria, lançou um apelo para apoiar a população afetada pelo terramoto”, informa a nota.

Foto: Lusa/EPA

O prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais escreve aos bispos de todo o mundo, alertando que “os habitantes da Terra Santa continuam a sofrer e a morrer”.

“Vimos e vemos homens em armas espalhar sangue e matar a própria vida”, lamenta o cardeal Claudio Gugerotti.

O colaborador do Papa sublinha que Francisco “não cessou nunca de manifestar a própria vizinhança a todos aqueles que foram envolvidos no conflito na Terra Santa”.

“Além da custódia dos Lugares Santos que viram Jesus, existem ainda vivos e operantes mesmo entre mil tragédias e dificuldades frequentemente causadas pelo egoísmo dos grandes da terra, os cristãos da Terra Santa. Muitos na história morreram mártires para ver arrancadas as raízes da sua antiquíssima cristandade. As suas Igrejas são parte integrante da história e da cultura do Oriente”, acrescenta.

O cardeal Gugerotti fala numa obrigação de solidariedade para com estes cristãos, lembrando que muitos, atualmente, “deixam tudo e fogem porque não veem esperança”.

Se partirem, se em Jerusalém e na Palestina deixarem os seus pequenos comércios destinados aos pelegrinos que já ali não irão, o Oriente perderá parte da sua alma, talvez para sempre”.

O organismo da Santa Sé diz que a ajuda das comunidades católicos para a Terra Santa pode “sustentar as Igrejas locais a encontrar novas vias, ocasiões de habitação, de trabalho, de formação académica e profissional”.

“Obrigado em nome de quem chora e de quem morre por causa da loucura da guerra. Obrigado, sobretudo, em nome de quem perdeu as suas crianças ou as vê horrivelmente mutiladas. Ajudai-nos a ajudar”, conclui.

OC

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