Vaticano: Papa reza por quem sofre «sentenças injustas», horas depois de absolvição de cardeal australiano

Santa Sé congratula-se com decisão do Supremo Tribunal da Austrália, que anulou condenação contra D. George Pell, acusado de abuso sexual de menores

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 07 abr 2020 (Ecclesia) – O Papa rezou hoje no Vaticano por todos os que são vítimas de “sentenças injustas”, horas depois de o Supremo Tribunal da Austrália ter absolvido o cardeal George Pell da condenação por abuso sexual de menores.

“Nestes dias de Quaresma vimos a perseguição que Jesus sofreu e como os doutores da Lei se encarniçaram contra Ele: foi julgado sob encarniçamento, com hostilidade, sendo inocente. Gostaria de rezar hoje por todas as pessoas que sofrem uma sentença injusta, por hostilidade”, disse Francisco, na homilia da Missa a que presidiu na Capela da Casa de Santa Marta.

Desde que a celebração é transmitida em direto, há quatro semanas, a intenção inicial tinha sido sempre ligada à pandemia de Covid-19.

A Santa Sé congratulou-se com a “a sentença unânime proferida pelo Supremo Tribunal em favor do cardeal George Pell, que o absolve das acusações de abuso de menores, revogando a sua condenação”, sublinhando que “sempre confiou nas autoridades judiciais australianas”.

“O cardeal Pell – ao submeter o seu caso à magistratura – sempre defendeu a sua inocência, esperando que a verdade viesse ao de cima”, refere o comunicado.

A Santa Sé “aproveita esta ocasião para reafirmar o seu compromisso com a prevenção e combate a qualquer tipo de abuso infantil”.

Já em janeiro, o cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, foi absolvido, pelo Tribunal de recurso da cidade francesa, de uma condenação a seis meses de prisão, com pena suspensa, por não denunciar abusos sexuais de menores.

O cardeal George Pell, de 78 anos, foi colaborador direto do Papa, no Vaticano, como prefeito da Secretaria para a Economia, cargo para o qual só em novembro de 2019 foi nomeado um sucessor, o jesuíta Juan Antonio Guerrero.

Os sete juízes do Supremo Tribunal da Austrália aceitaram, por unanimidade, o pedido de recurso interposto pela defesa do cardeal Pell, que tinha sido condenado a 6 anos de prisão em fevereiro de 2019, numa sentença confirmada, em segunda instância, em agosto do mesmo ano.

O antigo colaborador do Papa, que integrava ainda o conselho consultivo de cardeais para a reforma da Cúria Romana, sempre se afirmou inocente, em todo o processo judicial.

Em 2017, o Papa concedeu ao cardeal australiano um período de licença das suas funções, como prefeito da Secretaria para a Economia, para que pudesse defender-se das acusações.

Após a decisão do Supremo Tribunal, D. George Pell reiterou a sua inocência e disse não sentir “rancor” pela pessoa que o acusou, desejando “verdade para todos”.

O presidente da Conferência Episcopal Australiana, D. Mark Coleridge, reconhece que a decisão da Suprema Corte será bem recebida por “muitos”, especialmente aqueles que sempre acreditam na inocência do cardeal, reiterando o compromisso da Igreja Católica com a salvaguarda dos menores e com uma resposta eficaz aos sobreviventes e vítimas de abusos sexuais contra menores.

OC

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