Francisco fala na importância da «fraternidade» na relação entre cristãos e muçulmanos
Cidade do Vaticano, 03 abr 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco renovou hoje no Vaticano o apelo pela paz em Jerusalém, recordando a declaração conjunta que assinou este sábado com o rei de Marrocos, Mohammed VI.
“Reiteramos que as religiões são essenciais para defender a dignidade humana, promover a paz e o cuidado com a criação. De forma conjunta, fizemos um apelo por Jerusalém, para que seja preservada como património da humanidade e lugar de encontro pacífico”, declarou, na audiência pública semanal.
Perante milhares de peregrinos reunidos no Vaticano, o Papa falou sobre a sua viagem a Marrocos, entre sábado e domingo, colocando a visita nos passos do histórico encontro de São Francisco de Assis com o sultão al-Malil al-Kamil, há 800 anos, e da deslocação de São João Paulo II ao país africano, em 1985.
Francisco admitiu que muitos podem questionar esta sua atenção ao mundo islâmico ou até mesmo perguntar “porque é que Deus permite que haja tantas religiões”.
O pontífice católico sublinhou que as várias religiões “olham sempre para o Céu” e que “aquilo que Deus quer é a fraternidade” entre todos os crentes, falando caso dos muçulmanos, “filhos de Abraão”, como irmãos dos cristãos.
“Servir a esperança, num tempo como o nosso, significa acima de tudo construir pontes entre civilizações”, acrescentou.
O Papa elogiou o trabalho desenvolvido em Marrocos na formação de líderes que promovam “um Islão respeitador das outras religiões, que recusa a violência e o fundamentalismo”.
“Somos todos irmãos e temos de trabalhar pela fraternidade”, apelou.
A respeito de uma viagem em que foram abordadas as várias questões ligadas às migrações, Francisco confessou que prefere falar em “pessoas migrantes” e não só em “migrantes”, como uma forma maior de “respeito” por elas.
“Usamos muitos adjetivos e, muitas vezes, esquecemo-nos do substantivo, isto é, da substância”, lamentou.
Em Marrocos, disse ainda, celebrou Missa com milhares de pessoas da pequena comunidade católica (0,07% da população), de cerca de 60 nacionalidades, no que classificou como “uma singular epifania do Povo de Deus no coração de um país islâmico”.
A audiência geral contou com várias saudações aos peregrinos e grupos que se deslocaram ao Vaticano, incluindo os de língua portuguesa: “Que esta peregrinação seja para vós uma oportunidade para contemplar a beleza da fé e da união com Cristo, para viver plenamente a vossa vocação cristã como testemunhas da esperança no mundo”.
Antes de despedir-se, o Papa evocou o tempo da Quaresma, com que os católicos se preparam para a Páscoa, desejando que o mesmo “favoreça a reaproximação a Deus” e uma redescoberta da “importância da fé na vida diária”, concretizada na resposta às “necessidades de quem passa por dificuldades”.
OC
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