Vaticano: Papa quer ver brilhar nos olhos da juventude a sua criatividade

Francisco alertou para o «pensamento composto por poucos caracteres, que se apaga rapidamente»

Foto Vatican Media

Cidade do Vaticano, 12 jan 2024 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje que ser jovem é “sujar as mãos em prol do mundo” e manifestou preocupação com os  jovens “presos atrás de um ecrã” porque os olhos deviam “deixar a sua criatividade brilhar”.

“Fico preocupado quando ouço falar de jovens presos atrás de uma tela, com seus olhos refletindo luzes artificiais em vez de deixar sua criatividade brilhar. Porque ser jovem não é ter o mundo nas suas mãos, mas sujar as mãos em prol do mundo; é ter uma vida para gastar, não para guardar”, disse Francisco, na audiência aos participantes de um encontro promovido pela Associação de Jovens Profissionais Toniolo.

O Papa salientou que a vida “pede para ser doada, não administrada” e destacou que o Beato Giuseppe Toniolo (1845- 1918; beatificação 29 de abril de 2012) com base na fé comprometeu-se a “dar um rosto humano à economia”, e alertou para o que alguns chamam de ‘pensamento reduzido’ que parece estar a espalhar-se.

“Um pensamento composto de poucos caracteres, que se apaga rapidamente; um pensamento que não olha para cima e para frente, mas para o aqui e agora, resultado das necessidades do momento, parece substituir o pensamento já ‘fraco’ do pós-moderno. Diante da complexidade da vida e do mundo, esse pensamento ‘reduzido’ leva à generalização e à crítica, à simplificação e à manipulação da realidade, na busca dos seus próprios interesses imediatos em vez do bem do próximo e do futuro de todos”, desenvolveu.

Segundo Francisco, muitos jovens hoje são “espremidos”, forçados a “performances cada vez mais exigentes”, ou parecem estar “abatidos e anestesiados” e não comprometidos, “com um livro ou com um irmão necessitado”, “engajados em escolas e ruas”, e perguntou à audiência se sonham, se “têm uma inquietação nos seus pensamentos, no seu coração”.

“Os jovens que são profissionais por fora e sem graça por dentro, pressionados pelo dever, refugiam-se na busca do prazer. Todos nós precisamos da criatividade e do impulso que apenas vocês, jovens, podem-nos dar: em suas mãos estão a criatividade e o impulso, a sede de verdade, o grito de paz, a visão do futuro – precisamos dessas coisas! -, de seus sorrisos de esperança”, acrescentou.

Foto Vatican Media

O Papa afirmou que os jovens são “as alavancas que renovam os sistemas, não as engrenagens que precisam mantê-los vivos”, indicou que o tema da paz “é hoje mais urgente do que nunca”, alertou que as guerras são “o resultado de relações de poder prolongadas” e perguntou pelos “empreendimentos ousados, as visões corajosas”, para salientar que elas podem vir dos “corações jovens e destemidos que acolhem o bem dentro de si e compreendem o Evangelho como ele é, para escrever novas páginas de fraternidade e esperança”.

“Como um homem velho que sou, fico emocionado ao ver seus rostos jovens; e penso como Jesus fica ainda mais emocionado ao olhar para vocês – Jesus, ao olhar para vocês, fica emocionado – Ele que sempre tem um coração jovem e que chamou os jovens para segui-Lo.”

O Papa agradeceu também a colaboração da Associação de Jovens Profissionais Toniolo, fundada em abril de 2016, com os dicastérios da Cúria Romana e com as representações pontifícias nas Nações Unidas, e destacou que levam às instituições “um sopro de ar fresco, a capacidade de sonhar, o desejo de olhar em frente”, informa o Vaticano.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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