Vaticano: Papa quer contrariar «tabu» que liga presença junto dos doentes à «extrema unção»

Francisco sugere que se chame o sacerdote sem esperar pela «iminência da morte»

Cidade do Vaticano, 26 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que é necessário ultrapassar o “tabu” que liga a presença da Igreja nos momentos de dor e de doença à ‘extrema unção’ e à morte.

“Há um pouco a ideia de que quando alguém doente e se chama o sacerdote, depois vem o cortejo fúnebre. Isso não é verdade”, disse, de improviso, provocando as gargalhadas dos presentes na Praça de São Pedro, durante a audiência pública semanal.

A catequese abordou o sacramento da Unção dos Doentes, antigamente chamado ‘extrema unção’ e ligado à “iminência da morte”, que segundo o Papa permite “tocar a compaixão de Deus pelo homem”, colocando a experiência da doença e do sofrimento “no horizonte da misericórdia divina”.

“É a certeza da proximidade de Jesus ao doente, também ao idoso, porque qualquer pessoa com mais de 65 anos pode receber este Sacramento”, precisou Francisco.

O Papa lamentou que alguns considerem que a unção dos enfermos “traz má sorte” ou pode “assustar” o doente

“O sacerdote vai para ajudar o doente ou o idoso. Por isso é que a visita é tão importante”, precisou.

Neste sacramento, disse Francisco, é “Jesus que chega para dar força, para levantar a pessoa, dar-lhe esperança, ajudá-la, também para lhe perdoar os pecados e isso é lindíssimo”.

A catequese partiu da parábola do “bom samaritano”, que cuida de um homem ferido, derramando sobre as suas feridas óleo e vinho, “recordando o óleo dos enfermos”.

Em seguida, confia o homem ferido aos cuidados do dono de uma pensão, figura que “representa a Igreja, a quem Jesus confia os atribulados no corpo ou no espírito”.

A intervenção, sintetizada em português, citou também a Carta de São Tiago (Novo Testamento), que recomenda que os doentes chamem os presbíteros, “para que rezem por eles ungindo-os com o óleo”.

“Por isso, diante daqueles que consideram o sofrimento e a morte como um tabu, deixando de beneficiar deste Sacramento, é preciso lembrar que, na unção dos enfermos, Jesus mostra-nos que lhe pertencemos e que nem a doença, nem a morte nos poderão separar dele”, sustenta o Papa.

Francisco dirigiu depois uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa: “Em cada um dos sacramentos da Igreja, Jesus está presente e faz-nos participar da sua vida e da sua misericórdia. Procurem conhecê-lo cada vez mais, para poderem servi-lo nos irmãos, especialmente nos doentes”.

OC

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