Francisco encontrou-se em privado com seis pessoas na Casa de Santa Marta, durante mais de três horas
Cidade do Vaticano, 07 jul 2014 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje no Vaticano a uma Missa com a presença de um grupo de vítimas de abusos sexuais de sacerdotes, que recebeu depois pessoalmente em privado na Casa de Santa Marta, durante mais de três horas.
Segundo o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, a celebração decorreu ao início da manhã e o grupo era formado por seis pessoas, três homens e três mulheres, oriundas da Alemanha, Irlanda e Grã-Bretanha.
Na Missa esteve ainda presente o cardeal Sean O'Malley, arcebispo de Boston (Estados Unidos da América) e membro do conselho consultivo de oito cardeais criado pelo Papa para o ajudar na redação de uma nova constituição do Vaticano.
O responsável é o coordenador da comissão instituída por Francisco para a proteção de menores, que integra a irlandesa Marie Collins, a qual foi vítima de abusos, em criança.
As seis pessoas convidadas pelo atual Papa chegaram ao Vaticano no domingo à tarde e jantaram na Casa de Santa Marta, onde foram cumprimentadas por Francisco, adiantou o padre Lombardi, em conferência de imprensa.
Todo o grupo tomou o pequeno-almoço em conjunto e depois cada uma das vítimas esteve pessoalmente com o Papa, no primeiro encontro do género neste pontificado.
Bento XVI, Papa emérito, encontrou-se com vítimas de abusos nas suas viagens aos Estados Unidos da América, Austrália, Malta, Reino Unido e Alemanha.
No voo entre Telavive e Roma, a 26 de maio, o Papa Francisco disse que a Igreja Católica vai manter uma política de ‘tolerância zero’ em relação a casos de abusos sexuais.
“Neste momento, há três bispos sob investigação e um já foi condenado, faltando apenas avaliar a pena a aplicar. Não há privilégios”, declarou, acrescentando que este é “um problema grave”.
Francisco comparou os abusos a uma ‘Missa negra’ (satânica) para afirmar que “um sacerdote que faz isto, trai o Corpo do Senhor”.
A Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores integra, além de Marie Collins, a francesa Catherine Bonnet, estudiosa de psicologia e psiquiatria; a inglesa Sheila Hollins, docente de psiquiatria; o jurista italiano Claudio Papale; a ex-primeira ministra polaca Hanna Suchocka; o jesuíta alemão Hans Zollner, decano da Faculdade de Psicologia da Universidade Gregoriana; o jesuíta argentino Humberto Miguel Yanez, diretor do departamento de Teologia Moral da Gregoriana e ex-docente no Seminário São Miguel de Buenos Aires.
Este organismo reuniu-se no domingo e decidiu alargar a composição da comissão a elementos de outras áreas geográficas.
OC