Vaticano: Papa pede Igreja em diálogo, capaz de oferecer «acompanhamento, proximidade e esperança»

Francisco celebrou solenidade de São Pedro e São Paulo com arcebispos dos cinco continentes

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 29 jun 2022 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje à Missa da solenidade de São Pedro e São Paulo, no Vaticano, perante responsáveis católicos dos cinco continentes, pedindo uma Igreja em diálogo, que ofereça “acompanhamento, proximidade e esperança”.

“Devemos desprender-nos de nossas seguranças terrenas, imediatamente, e seguir Jesus todos os dias: tal é a lição que Pedro nos dá hoje, convidando-nos a ser uma Igreja-em-seguimento. Igreja que deseja ser discípula do Senhor e humilde serva do Evangelho”, referiu, na homilia da celebração, que decorreu na Basílica de São Pedro.

A celebração assinalou a entrega do pálio, insígnia litúrgica de honra e jurisdição, a 32 arcebispos de vários países, entre eles três de arquidioceses do Brasil (Olinda e Recife, Montes Claros, Teresina) e um de Moçambique (Maputo).

Francisco pediu atenção para quem “está mais longe e muitas vezes olha com desconfiança ou indiferença” para a Igreja.

“Só assim será capaz de dialogar com todos e tornar-se lugar de acompanhamento, proximidade e esperança para as mulheres e os homens do nosso tempo”, sustentou.

A homilia partiu de uma “pergunta fundamental” para a vida cristã: “Quem é Jesus para mim?”.

O Papa recordou a resposta de São Pedro, registada pelo Evangelho segundo São Mateus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).

“Só depois de ter vivido a fascinante aventura de seguir o Senhor, só depois de ter caminhado com Ele, seguindo os seus passos durante muito tempo, é que Pedro chegou àquela maturidade espiritual que, por graça, o leva a tão clara profissão de fé”, indicou.

Não basta responder com uma fórmula doutrinal impecável nem mesmo com uma ideia que formamos duma vez por todas. Não. Mas é perseverando todos os dias no seguimento do Senhor que aprendemos a conhecê-lo”.

Francisco observou que ninguém pode “adiar” o seguimento de Jesus, para levar ao “anúncio do Evangelho”, como São Paulo.

“Paulo diz-nos que, à pergunta ‘quem é Jesus para mim?’, não se responde com uma religiosidade intimista, que nos deixa tranquilos sem fomentar em nós a inquietação de levar o Evangelho aos outros”, advertiu.

Foto: Lusa/EPA

O Papa considerou que a Igreja “tem necessidade de colocar o anúncio no centro”, de “transmitir o abraço do amor de Deus e a alegria do Evangelho”.

“Com humildade e alegria, a Igreja há de levar o Senhor Jesus a todo o lado: à nossa cidade de Roma, às nossas famílias, às relações e vizinhanças, à sociedade civil, à Igreja, à política, ao mundo inteiro, especialmente onde se verifica pobreza, degradação e marginalização”, concluiu.

Os pálios, “símbolo da comunhão com a Igreja de Roma”, estiveram desde a noite anterior junto do túmulo do apóstolo Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica, e foram transportados durante a celebração para junto de Francisco, que os abençoou e os entrega a cada arcebispo, no final da Missa.

Após a bênção dos pálios, os metropolitas nomeados nos últimos 12 meses proferiram um juramento no qual se comprometem a ser “sempre fiel e obediente” ao “bem-aventurado Pedro apóstolo”, à “santa, apostólica Igreja de Roma”, ao Papa e seus “legítimos sucessores”.

Esta insígnia é feita com a lã de cordeiros brancos e simboliza o Bom Pastor que leva nos ombros o cordeiro até dar a sua própria vida, como recordam as cruzes negras bordadas.

A solenidade de São Pedro e São Paulo foi acompanhada no Vaticano, como é tradição, por uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), liderada pelo arcebispo Job, da Pisídia (território na atual Turquia), a quem o Papa deixou uma “afetuosa saudação”.

“Obrigado pela vossa presença! Caminhemos juntos, no seguimento e no anúncio da Palavra, crescendo na fraternidade. Que Pedro e Paulo nos acompanhem e intercedam por nós”, declarou.

O cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, celebrou no altar, como tem acontecido em várias celebrações dos últimos meses, devido às limitações físicas do atual pontífice, que se sentou numa cadeira colocada lateralmente.

OC

Em 2015, Francisco decidiu modificar a celebração de entrega aos novos arcebispos metropolitas, deixando de impor esta insígnia no Vaticano, uma tarefa agora confiada aos núncios apostólicos (representantes diplomáticos da Santa Sé).

O pálio é envergado pelos arcebispos metropolitas nas suas dioceses e nas da sua província eclesiástica.

Este sistema administrativo veio da divisão civil do Império Romano, depois da paz de Constantino (313); em Portugal há três províncias eclesiásticas: Braga, Lisboa e Évora.

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Agência ECCLESIA

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