Vaticano: Papa pede «graça» de ver pobres que batem à porta

Francisco alerta para «bolha de vaidade» pessoal que oculta periferias

Cidade do Vaticano, 25 fev 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu hoje para os católicos a “graça” de ver os pobres que batem à porta, partindo da parábola evangélica do homem rico e do pobre Lázaro.

“Peçamos ao Senhor a graça de ver sempre os Lázaros que estão à nossa porta, os Lázaros que batem ao coração, e que possamos sair de nós mesmos com generosidade, numa atitude de misericórdia a fim de que a misericórdia de Deus possa entrar em nosso coração”, disse, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.

Segundo Francisco, o homem rico “estava fechado” em si e para ele, além da porta, “não havia nada”.

“O Senhor estava ali na porta, na pessoa de Lázaro que tinha um nome. Este Lázaro com as suas necessidades, misérias e doenças era o Senhor que batia à porta para que aquele homem abrisse o coração e a misericórdia pudesse entrar”, explicou.

Nesse sentido, o Papa começou por questionar: “Sou um cristão que caminha na estrada da mentira, do dizer, ou sou um cristão que segue o caminho da vida, das obras, do fazer?”.

No tempo litúrgico da Quaresma, de preparação para a Páscoa, considerou que “faz bem” a cada um perguntar que estrada está a percorrer e acrescentou: “Quantas fechaduras ainda tenho no meu coração? Onde está a minha alegria: no fazer ou no dizer? O sair de mim mesmo para ir ao encontro dos outros é para ajudar?”

“Olha as obras de misericórdia”, exclamou.

Para o Papa, o homem rico do Evangelho “tinha uma certa religiosidade”, porque “conhecia os mandamentos” e, certamente, ia à sinagoga “todos” os sábados, “uma vez por ano, ao templo”, mas era um “homem fechado”.

“Um homem fechado numa bolha de vaidade. Não tinha a capacidade de olhar além, só para o seu próprio mundo e não percebia o que acontecia fora de seu mundo fechado”, observou.

Francisco sublinhou que o homem rico “só pensava nele” próprio, nas suas riquezas e “entregava-se à boa vida”, sem pensar, por exemplo, “nas necessidades de muitas pessoas ou na necessidade de companhia dos doentes”.

“Não conhecia a periferia que estava próxima da sua porta de casa e percorria o caminho da mentira, porque confiava em si mesmo, nas suas coisas, não confiava em Deus”, desenvolveu o Papa.

“Este é rico, este é poderoso, este pode fazer tudo, este é um sacerdote de carreira, um bispo de carreira. Quantas vezes nomeamos as pessoas com adjetivos porque não têm substância”, acrescentou.

RV/CB/OC

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