Juan Carlos Cruz destacou-se pelas denúncias de crimes cometidos por Fernando Karadima, expulso do sacerdócio por Francisco
Cidade do Vaticano, 24 mar 2021 (Ecclesia) – O Papa anunciou hoje a nomeação de Juan Carlos Cruz, vítima de abusos sexuais no Chile, como membro da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores (CPTM) nos próximos três anos.
O novo responsável pelas denúncias dos crimes cometidos por Fernando Karadima, expulso do sacerdócio por Francisco em 2018.
A relação entre Francisco e Juan Carlos Cruz foi retratada no documentário de Evgeny Afineevsky, que estreou em outubro de 2020.
A obra mostra um Papa que pede “desculpa”, como aconteceu no caso do bispo Barros, durante a visita ao Chile, em 2018, marcada pelos casos de abusos sexuais que envolviam membros do clero.
Francisco admite o “choque” que sentiu ao perceber que tinha sido mal informado; Juan Carlos Cruz diz que a sua vida “mudou” ao ser acolhido pelos enviados especiais do Papa, D. Charles Scicluna (outro dos entrevistados) e Mons. Jordi Bertomeu, e ao ser convidado para um encontro com o próprio Francisco, no Vaticano.
Juan Carlos Cruz reagiu à nomeação com uma mensagem no Twitter, agradecendo “profundamente” ao Papa e assumindo a intenção de “continuar a trabalhar para acabar com o flagelo dos abusos e por tantos sobreviventes que ainda não conseguiram justiça”.
A CPTM, presidida pelo cardeal Seán O’Malley, arcebispo de Boston (EUA), ganhou uma nova constituição em 2018, incluindo vítimas de abusos sexuais, para um trabalho centrado na “escuta das pessoas abusadas”.
O atual mandato da instituição, de 2018 a 2021, foi hoje prolongado por mais um ano, até 2022.
A comissão integra ainda os seguintes membros: D. Luis Manuel Alí Herrera (Colômbia), padre Hans Zollner, SJ (Alemanha), irmã Jane Bertelsen (Reino Unido), irmã Arina Gonsalves (Índia), irmã Kayula Lesa (Zâmbia), irmã Hermenegild Makor (África do Sul), Ernesto Caffo (Itália), Gabriel Dy-Liacco (Filipinas), Benyam Dawit Mezmur (Etiópia), John Owen Neville (Austrália), Nelson Giovanelli Rosendo Dos Santos (Brasil), Hanna Suchocka (Polónia), Myriam Wijlens (Holanda), Sinalelea Fe’ao (Tonga) e Teresa Kettelkamp (EUA).
A CPTM defende uma abordagem com lema ‘vítima/sobrevivente primeiro’ (“victim/survivor first”) para as definições dos seus programas de intervenção.
Ainda hoje, o Papa nomeou como subsecretária para o setor ‘Fé e Desenvolvimento’ do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) a irmã Alessandra Smerilli, docente Catedrática de Economia Política em Roma.
A religiosa, de 46 anos, é conselheira do Estado da Cidade do Vaticano e consultora do Sínodo dos Bispos.
OC