Vaticano: Papa lembra crianças de rua na América Latina e critica «sociedade da desconfiança»

Francisco presidiu a Missa, na Basílica de São Pedro, por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe

Cidade do Vaticano, 12 dez 2016 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje no Vaticano as crianças de rua da América Latina e deixou críticas às desigualdades económicas, que geraram uma “sociedade da desconfiança”.

“Parece que, sem nos apercebermos, acabamos por acostumar-nos a viver na sociedade da desconfiança, com tudo o que isso implica para o nosso presente e especialmente para o nosso futuro”, alertou, na homilia da Missa a que presidiu por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe.

Francisco evocou as “crianças e jovens explorados em trabalhos clandestinos” ou “obrigados a ganhar alguma moeda nos cruzamentos das avenidas”, limpando para-brisas.

“Sentem que no comboio da vida não há lugar para eles”, disse o pontífice de argentino, perante centenas de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro.

O Papa sustentou que ninguém se pode vangloriar de uma sociedade do bem-estar quando no continente americano, por exemplo, “se tornou costume ver milhares e milhares de crianças e jovens em situação de rua, que mendigam e dormem nas estações ferroviárias”.

“Quantas famílias vão ficando marcadas pela dor de ver os seus filhos vítimas dos mercadores da morte”, advertiu.

Francisco recordou depois a “solidão” dos idosos ou a “precariedade” que afeta a dignidade feminina, sujeitas a “múltiplas formas de violência, dentro e fora de casa”.

A intervenção aludiu a uma “cultura da desilusão”, com milhares de pessoas afetadas pelo “desencanto”, a “frustração” e “mesmo a angústia”.

O Papa apresentou a figura da Virgem Maria como “mulher lutadora perante a sociedade da desconfiança e da cegueira”, um símbolo da “alegria do Evangelho”.

“Celebrar a memória de Maria é celebrar que nós, como ela, estamos convidados a sair e ir ao encontro dos outros com o seu mesmo olhar, com as suas mesmas entranhas de misericórdia, com os seus mesmos gestos”, realçou.

Antes do início da Missa teve lugar a entrada das bandeiras de todo o continente americano pela nave central da Basílica de São Pedro.

Durante a cerimónia foram lidos textos e interpretados cânticos em náhuatl, língua indígena falada no México na época dos aztecas; em quéchua, língua indígena do império inca no Peru; e em mapuche, a língua das comunidades nativas do sul do Chile e da Argentina.

OC

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Agência ECCLESIA

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