Francisco recebeu desenho que evocou naufrágios no Mediterrâneo, durante o voo até Malta
Cidade do Vaticano, 02 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje no Vaticano com um grupo de refugiados ucranianos, antes de partir para a sua viagem a Malta, que decorre até domingo.
A Santa Sé informa que as famílias foram acolhidas na Itália pela comunidade católica de Santo Egídio, juntamente com o esmoler pontifício, cardeal Konrad Krajewski.
O encontro decorreu na Casa de Santa Marta, onde Francisco reside.
“No grupo estava uma mãe de 37 anos com duas filhas, de 5 e 7 anos, que chegaram à Itália há cerca de 20 dias, provenientes de Lviv. A menina mais nova passou por uma cirurgia cardíaca e está sob supervisão médica, em Roma”, informa o Vaticano.
Entre os refugiados estava outras duas mães, cunhadas, e quatro menores, com idades entre 10 e 17 anos, hospedados num apartamento oferecido por uma mulher italiana.
Uma terceira família chegou há três dias, passando pela Polónia, precisa a nota da Santa Sé: são seis pessoas provenientes de Kiev, mãe e pai, com três filhos, de 16, 10 e 8 anos, e uma avó de 75 anos.
Também neste caso, os refugiados vivem numa casa oferecida por uma mulher italiana, para acolher quem foge da guerra.
Durante o voo rumo a #Malta, #PapaFrancisco fez uma breve saudação aos jornalistas. Interpelado por um deles, respondeu que uma eventual viagem a #Kiev é uma proposta que está sendo levada em consideração pic.twitter.com/V4Uw8k04ij
— Vatican News (@vaticannews_pt) April 2, 2022
Já no avião que o levou até Malta, esta manhã, o Papa disse a um dos jornalistas presentes que uma eventual viagem a Kiev é “uma proposta em análise”, segundo os media do Vaticano.
O presidente da Ucrânia conversou telefonicamente com o Papa Francisco, a 22 de março, sobre a “difícil situação humanitária” no país, tendo manifestado o desejo de receber a sua visita.
Duas semanas antes, o autarca de Kiev, Vitaliy Klitschko convidava o Papa a visitar Kiev, argumentando que a presença de Francisco seria “fundamental para salvar vidas” e solidificar o “caminho para a paz”.
No voo para Malta, Francisco recebeu a oferta de um quadro, pintado por Daniel Jude Okeoguale, refugiado que se vai encontrar no domingo.
O artista sobreviveu a um naufrágio, no Mediterrâneo, e evocou na obra todos os que morreram junto a si e não conseguiu salvar.
O Papa falou aos jornalistas, um grupo de cerca de 70 profissionais, agradecendo pela sua presença numa viagem “curta”, mas que espera ser “bonita”.
Esta é a primeira viagem internacional de 2022 e acontece depois da passagem de Francisco pelo Chipre e Grécia, com visita à ilha de Lesbos, no último mês de dezembro.
Na tarde de sexta-feira, o Papa dirigiu-se à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, “para rezar diante do ícone da Virgem Salus Populi Romani e confiar-lhe a sua viagem a Malta”, segundo nota da sala de imprensa da Santa Sé, enviada aos jornalistas.
O lema escolhido para a viagem – prevista para 2020 e adiada por causa da pandemia – é uma frase dos Atos dos Apóstolos (Atos 28, 2), “Trataram-nos com extraordinária humanidade”, que evoca o naufrágio do Apóstolo Paulo, no ano 60, que viria a dar início à evangelização da ilha; o logotipo mostra mãos que apontam para a Cruz, provenientes de um navio à mercê das ondas.
Como é tradição, ao deixar o território italiano, Francisco enviou um telegrama ao presidente transalpino, Sergio Mattarella, falando da “visita pastoral a Malta, uma terra de beleza luminosa no centro do Mediterrâneo e um porto milenar de múltiplos desembarques e partidas, na alegria de encontrar irmãos na fé e pessoas do lugar”.
Malta recebeu as visitas de São João Paulo II, em 1990 e 2001, e de Bento XVI, em 2010.
OC
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