Vaticano: Papa diz que Santa Sé quer mediar regresso de crianças ucranianas levadas para a Rússia

Francisco assume estar «disposto a fazer o que for preciso» para travar a guerra

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 30 abr 2023 (Ecclesia) – O Papa assumiu hoje a disponibilidade da Santa Sé para mediar o regresso de crianças ucranianas levadas para a Rússia, desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

“É um problema de humanidade, antes de ser um problema de um saque de guerra ou movimento de guerra. Todos os gestos humanos ajudam e, pelo contrário, os gestos de crueldade não ajudam. Temos de fazer tudo o que é humanamente possível”, referiu aos jornalistas, que o acompanhavam no voo de regresso a Roma, após uma viagem de três dias à Hungria.

Francisco adiantou que a Santa Sé já atuou como intermediária nalgumas situações de troca de prisioneiros.

“Correu bem, penso que isto também pode correr bem. É importante, a Santa Sé está disposta a fazê-lo porque é justo, é uma coisa justa e nós devemos ajudar, para que isto não seja um ‘casus belli’, mas um caso humano”, acrescentou, falando da situação dos menores que se encontram em território russo.

Após ter apelado, nos seus discursos em Budapeste, à abertura de portas para receber migrantes e refugiados, Francisco pediu que se mantenha a atenção sobre a situação de mulheres e crianças que têm fugido da guerra na Ucrânia.

“Essas mulheres ficam sem proteção, com o perigo de cair nas mãos dos abutres que estão sempre em busca dessas situações. Vamos tomar cuidado para não perder essa tensão de ajuda que temos com os refugiados, diz respeito a todos”, referiu.

O Papa foi questionado sobre os seus encontros com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o metropolita do Patriarcado de Moscovo em Budapeste, Hilário – que durante 13 anos foi responsável pelas relações externas da Igreja Ortodoxa na Rússia.

“Convido todos a abrir relações, canais de amizade, isto não é fácil. O mesmo discurso que fiz, no geral, fiz com Orbán”, adiantou.

Foto: Lusa/EPA

Sobre a questão das migrações, Francisco falou num problema que “a Europa precisa de assumir, porque são cinco os países que mais sofrem: Chipre, Grécia, Malta, Itália e Espanha”, precisou.

Apontando à crise de natalidade e ao inverno demográfico na Europa, o Papa sustentou que “um programa migratório, levado a cabo com o modelo que alguns países tiveram com a migração – penso por exemplo, na Suécia, no tempo das ditaduras latino-americanas – pode ajudar também esses países que têm uma baixa percentagem de nascimentos”.

Francisco indicou que a conversa com o metropolita Hilário, “uma pessoa inteligente”, foi um gesto de “mão estendida”, acrescenta que desde o início da guerra falou uma vez com o patriarca de Moscovo, Cirilo, por via digital, e já recebeu o novo responsável pelas relações externas da Igreja Ortodoxa na Rússia, o metropolita António.

“Tenho um bom relacionamento com o embaixador [russo] que agora de saída, embaixador no Vaticano há sete anos, é um grande homem, um homem como deve ser. Uma pessoa séria, culta, muito equilibrada. A relação com os russos é principalmente com esse embaixador”, acrescentou.

Sobre um eventual encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, o Papa disse estar “disposto a fazer o que for preciso”, porque “todos estão interessados no caminho da paz”.

“Além disso, há uma missão está em andamento agora, mas que ainda não é pública. Vamos ver como… Quando for pública, direi”, acrescentou.

OC

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