Vaticano: Papa denuncia «tragédia» do abandono escolar

Francisco sublinha importância de propostas de formação profissional, em encontro com jovens italianos

Cidade do Vaticano, 03 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa disse hoje, no Vaticano, que o abandono escolar é uma “tragédia”, que afeta particularmente os jovens mais desfavorecidos, apelando a uma aposta em propostas de formação profissional.

“Todos temos de tomar consciência de uma coisa: o abandono escolar e formativo é uma tragédia! Oiçam bem, é uma tragédia”, alertou, no Auditório Paulo VI, onde recebeu em audiência os membros da Confederação Nacional do Ensino e da Formação Profissional (CONFAP) da Itália.

A intervenção, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, sustentou que “ninguém pode ser descartado, especialmente os mais pobres e marginalizados, que correm o risco de sofrer graves formas de exclusão, incluindo os migrantes”.

“Aqueles que se sentem descartados podem acabar em formas humanamente degradantes de sofrimento social, e isso não podemos aceitar”, assinalou o pontífice.

Francisco considerou necessário “promover uma legislação que favoreça o reconhecimento social dos jovens” e abrir caminho a “uma troca geracional, em que as competências dos que estão a sair estejam ao serviço dos que estão a entrar no mercado de trabalho”.

“Uma boa formação profissional é um antídoto contra o abandono escolar e uma resposta à procura de trabalho em vários sectores da economia”, acrescentou.

O Papa destacou que muitos jovens deixam a sua terra de origem, para procurar emprego noutros lugares, sem conseguir, muitas vezes, encontrar “oportunidades à altura dos seus sonhos”.

“Alguns desejam trabalhar, mas têm de se contentar com contratos precários e mal pagos; outros ainda, neste contexto de fragilidade social e de exploração, vivem na insatisfação e demitem-se dos seus empregos”, apontou.

No 50.º aniversário da CONFAP, Francisco elogiou um serviço “inspirado na doutrina social da Igreja”, na formação das novas gerações para o trabalho, especialmente “os jovens que se encontram à margem da vida social e eclesial”.

“Os jovens são uma das categorias mais frágeis do nosso tempo. Os jovens, sempre cheios de talentos e potencialidades, são também particularmente vulneráveis, quer por causa de certas condições antropológicas, quer por vários aspetos culturais do tempo em que vivemos”, observou.

O Papa lamentou uma “degradação do sentido do trabalho”, cada vez mais interpretado “em função do ganho de dinheiro e não como expressão da dignidade de cada um e contributo para o bem comum”.

“Por isso, é importante que os percursos de formação estejam ao serviço do crescimento global da pessoa, nas suas dimensões espiritual, cultural e laboral”, indicou.

Foto: Vatican Media

Ainda esta manhã, Francisco recebeu em audiência os membros da Fundação Blanquerna, um Instituto de Ensino Superior fundado em 1948 e integrado na Universidade Ramon Llull, de Barcelona.

O Papa desafiou os responsáveis da instituição a combater “estereótipos inatingíveis que os mercados e os grupos de pressão” pretendem “impor” aos mais jovens.

“Formar, sim, com uma linguagem atual, moderna, ágil, pedagógica, com uma análise precisa da realidade; mas sempre lembrando que formamos homens e mulheres completos, não réplicas ilusórias de ideais impossíveis”, declarou.

OC

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Agência ECCLESIA

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