Francisco fala em «campos de detenção», como no regime nazi, e pede intervenção urgente da comunidade internacional para ajudar quem atravessa o Mediterrâneo
Cidade do Vaticano, 24 out 2021 (Ecclesia) – O Papa denunciou hoje no Vaticano as condições “desumanas” com que “milhares de migrantes, refugiados” e outras pessoas que precisam de proteção estão detidas na Líbia.
“Não vos esqueço nunca, ouço os vossos gritos e rezo por vós”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
Francisco referiu que “muitos destes homens, mulheres e crianças são submetidos a uma violência desumana”.
“Mais uma vez peço à comunidade internacional que cumpra a promessa de procurar soluções, concretas e duradouras para a gestão dos fluxos migratórios na Líbia e em todo o Mediterrâneo”, acrescentou.
O Papa criticou as devoluções forçadas de migrantes e refugiados para a Líbia, onde ficam em centros de detenção geridos pela Direção de Combate à Migração Ilegal.
“Quanto sofrem os que são devolvidos, há verdadeiros ‘lager’, lá”, alertou, evocando os campos de detenção nazi, na II Guerra Mundial.
É preciso colocar um ponto final ao regresso dos migrantes para países não seguros, dando prioridade ao socorro das vidas humanas no mar, com dispositivos de resgate e desembarque previsíveis”.
Francisco pediu aos responsáveis internacionais que garantam condições dignas de vida aos migrantes, “com alternativas à detenção, vias regulares de migração e acesso aos procedimentos de asilo”.
“Sintamo-nos todos responsáveis por estes nossos irmãos e irmãs, que há demasiado anos são vítimas desta gravíssima situação, e rezemos juntos, por eles, em silêncio”, concluiu.
A Comissão Independente de Inquérito da ONU denunciou no início de outubro, num relatório, graves violações dos Direitos Humanos desde 2016, por parte de responsáveis líbios e estrangeiros, estatais e não estatais.
O país africano é ponto de passagem para centenas de milhares de migrantes que procuram alcançar a Europa, através do Mediterrâneo.
OC