Vaticano: Papa deixa mensagem aos pais «heróis», que sofrem em todo o mundo

Entrevista aos media da Santa Sé aborda impacto da pandemia e migrações, numa conversa sobre o recente Ano de São José

Cidade do Vaticano, 13 jan 2022 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje uma mensagem aos pais de todo o mundo que sofrem, por causa da pandemia e das migrações, numa entrevista concedida aos media oficiais do Vaticano.

“Sinto-me muito próximo ao drama daquelas famílias, daqueles pais e mães que estão vivendo uma dificuldade particular, agravada sobretudo pela pandemia. Acredito que não seja um sofrimento fácil de ser enfrentado, o de não conseguir dar pão aos filhos e de se sentir responsável pela vida dos outros”, referiu, em conversa divulgada esta tarde e enviada à Agência ECCLESIA.

Francisco assegurou a sua oração e proximidade pessoal a estas pessoas e destacou que “todo o apoio da Igreja é para estas pessoas, para estes últimos”.

“Penso em tantos pais, tantas mães, tantas famílias que fogem das guerras, que são rejeitadas nas fronteiras da Europa e não somente, e que vivem em situações de dor, de injustiça e que ninguém leva a sério ou ignora deliberadamente”, advertiu.

Gostaria de dizer a estes pais, a estas mães, que para mim eles são heróis, porque encontro neles a coragem daqueles que arriscam as suas vidas por amor aos seus filhos, por amor às suas famílias”.

O Papa observou que Maria e José também tiveram de fugir para o Egito, por causa “da violência e do poder de Herodes”, recordando que hoje muitos pais e mães sofrem as mesmas provações.

“A todos eles e às suas famílias, gostaria de dizer que não se sintam sós! O Papa lembra-se sempre deles e, na medida do possível, continuará a dar-lhes voz”, acrescentou.

Francisco reconheceu que se vive um “tempo difícil”, por causa da pandemia, em que “muitas pessoas sofrem, muitas famílias estão em dificuldade, tantas pessoas são assediadas pela angústia da morte, de um futuro incerto”.

A entrevista abordou o recente Ano de São José, concluído a 8 de dezembro de 2021, explicando que o mesmo foi convocado em função do momento difícil que se estava a viver.

“Tínhamos necessidade de alguém que nos pudesse encorajar, ajudar, inspirar, para entender qual é o modo correto para saber enfrentar esses momentos de escuridão. José é uma testemunha luminosa em tempos sombrios”, referiu.

A conversa passou por temas como os desafios da paternidade, na atualidade, e a dificuldade de assumir compromissos, particularmente para os mais jovens.

“Um verdadeiro pai não diz a que tudo vai sempre correr bem, mas que mesmo que te encontres numa situação em que as coisas não vão bem, serás capaz de enfrentar e viver com dignidade esses momentos, também os fracassos”, afirmou o Papa.

Não nascemos pais, mas certamente todos nascemos filhos. Esta é a primeira coisa que devemos considerar, isto é, cada um de nós, para além do que a vida lhe reservou, é antes de tudo um filho, foi confiado a alguém, vem de uma relação importante que o fez crescer e que o condicionou no bem e no mal”.

Francisco falou da paternidade espiritual e da importância de São José na vida de Jesus Cristo, como exemplo de alguém capaz de cuidar de outro sem “nunca tomar posse dele, sem nunca querer manipulá-lo, sem nunca querer distrai-lo da sua missão”.

O Papa pediu uma Igreja capaz de exercer “um ministério paterno, não paternalista”.

“A Igreja não é um conceito abstrato, é sempre o rosto de alguém, uma situação concreta, algo a quem podemos dar um nome preciso. Recebemos sempre a nossa fé através de uma relação com alguém”, acrescentou.

OC

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Agência ECCLESIA

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