Vaticano: Papa defende Igreja em «conversão e renovação»

Francisco evoca documento inspirador do seu pontificado, assinado por São Paulo VI

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 22 mar 2023 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que a Igreja deve estar constantemente em “renovação”, evitando os refúgios que a “adoecem”, por se fechar em si mesma e em práticas do passado.

“Uma Igreja que se evangeliza para evangelizar é uma Igreja que, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a percorrer um caminho exigente, de contínua conversão e renovação”, apontou, na audiência pública semanal, dedicada à exortação apostólica ‘Evangelii nuntiandi’, de São Paulo VI (1975).

Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco evocou um dos documentos inspiradores do seu pontificado, assumindo a necessidade de “mudar os modos de compreender e viver” a presença da Igreja, “evitando refugiar-se nos âmbitos protegidos da lógica do ‘sempre se fez assim’”.

A Igreja deve ser uma Igreja que se encontra, em diálogo, com o mundo contemporâneo, que tece relações fraternas, que gera espaços de encontro, colocando em ação práticas de hospitalidade, acolhimento, reconhecimento e integração do outro e da alteridade, e que cuida da casa comum que é a criação”.

Apresentado a ‘Evangelii nuntiandi’ como a “magna carta” da evangelização no mundo contemporâneo, o Papa sublinhou que esta “é mais do que uma simples transmissão doutrinal e moral”.

Francisco sublinhou a importância do “testemunho” de cada cristão, para o qual se exige “coerência entre aquilo em que se acredita e o que se anuncia”.

“Cada um de nós é chamado a responder a três perguntas fundamentais, assim formuladas por Paulo VI: Acreditas no que anuncias? Vives aquilo em que acreditas? Anuncias o que vives?”, precisou.

Não podemos contentar-nos com respostas fáceis, predefinidas. Somos chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente na ação do Espírito Santo que age em cada um de nós, impelindo-nos sempre mais além: além dos nossos confins, além das nossas barreiras, além dos nossos limites de qualquer tipo”.

O Papa destacou que esta dinâmica se aplica à Igreja e aos seus membros, um povo “mergulhado no mundo” e que é, muitas vezes, “tentado pelos ídolos”.

“A Igreja tem de ouvir a proclamação incessantemente as grandes obras de Deus, que a converteram para o Senhor; deve ser sempre convocada e reunida de novo por Ele. Numa palavra, significa que ela tem sempre necessidade de ser evangelizada”, sustentou.

“Sem o Espírito Santo, podemos apenas fazer publicidade da Igreja, não evangelizar”, acrescentou.

Francisco deixou um convite a ler ou reler a ‘Evangelii nuntiandi’, explicando que é algo que ele próprio faz, regularmente.

Após a catequese, o Papa saudou os peregrinos e visitantes presentes no Vaticano, incluindo os grupos de língua portuguesa.

“Queridos irmãos e irmãs, o mundo precisa de ouvir proclamar as grandes obras de Deus, espelhadas na nossa vida santa. Que São José e a Virgem Mãe nos ajudem a levar a todos a água pura do Evangelho”, declarou.

Dirigindo-se aos peregrinos polacos, Francisco associou-se à celebração do Dia da Santidade da Vida., este sábado, no país.

“Como sinal da necessidade de proteger a vida humana, desde a conceção até a morte natural, a Fundação ‘Sim à Vida’ destina ao Zâmbia o sino ‘A voz do nascituro’, que benzi. Que o seu som carregue a mensagem que toda a vida é sagrada e inviolável”, disse.

OC

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Agência ECCLESIA

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