Vaticano: Papa critica Caminho Sinodal da Alemanha, que vê como fruto de «elites»

Francisco apela ao diálogo para evitar decisões motivadas por «ideologias»

Cidade do Vaticano, 25 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa criticou o Caminho Sinodal da Igreja Católica na Alemanha, considerando que a mesma está dependente de “elites”, em vez de se dirigir a todas as comunidades.

“A experiência alemã não ajuda”, disse Francisco à agência de notícias norte-americana ‘Associated Press’ (AP), numa entrevista publicada hoje.

O Papa, que em 2021 lançou um processo sinodal para toda a Igreja, até 2024, sublinha que, na Alemanha, essa iniciativa é liderada pela “elite” porque não inclui “todo o povo de Deus”.

Para Francisco, há o risco de promover medidas de cariz “ideológico”, em questões sobre a ordenação sacerdotal de homens casados e de mulheres ou da bênção da Igreja para uniões entre pessoas do mesmo sexo.

“Aqui o perigo é que algo muito, muito ideológico se infiltre. Quando a ideologia se envolve nos processos da Igreja, o Espírito Santo vai para casa, porque a ideologia supera o Espírito Santo”, advertiu.

O Papa assumiu a necessidade de “ser pacientes, dialogar e acompanhar essas pessoas no verdadeiro caminho sinodal”.

“É preciso tentar unir, sempre”, acrescentou.

Em julho de 2022, a Santa Sé publicou uma nota sobre o “Caminho Sinodal” na Alemanha, destacando que o mesmo não tem autoridade para decidir sobre matérias de governo ou doutrina, nas comunidades católicas.

O documento aborda o processo de consulta, debate e deliberação, iniciado em 2019, nas comunidades católicas alemãs, sublinhando que “não seria lícito implementar nas dioceses novas estruturas oficiais ou doutrinas, antes de um acordo concertado ao nível da Igreja universal”.

Para a Santa Sé, decisões unilaterais representariam “uma ferida para a comunhão eclesial e uma ameaça à unidade da Igreja”.

A nota cita a carta enviada pelo Papa à Igreja Católica na Alemanha, com data de 29 de junho de 2019: “A Igreja universal vive nas e das Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e florescem na Igreja universal; quando se encontram separadas de todo o corpo eclesial, enfraquecem, apodrecem e morrem. Daí a necessidade de manter sempre viva e eficaz a comunhão com todo o corpo da Igreja”.

Esta segunda-feira foi divulgada uma carta do Vaticano dirigida aos responsáveis católicos na Alemanha, na qual se refere que “nem o Caminho Sinodal, nem qualquer órgão por ele estabelecido, nem qualquer Conferência Episcopal tem competência para estabelecer o ‘Conselho Sinodal’ a nível nacional, diocesano ou paroquial”.

“A Santa Sé vê o perigo de um enfraquecimento do ofício episcopal. Eu vejo a consulta sinodal como um fortalecimento positivo desse ofício”, respondeu D. Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã.

A missiva do Vaticano é assinadas pelos cardeais Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano; Luis Ladaria, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé; e Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos.

A Santa Sé mostra-se preocupada com a autoridade episcopal, que seria colocada em causa por uma sinodalidade em que leigos e bispos tomam decisões num plano de igualdade.

OC

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Agência ECCLESIA

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