Vaticano: Papa critica «anacronismo» da União Europeia por tentar suprimir dimensão cristã do Natal

Francisco questiona «colonizações ideológicas» e pede respeito pela identidade de cada país

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 06 dez 2021 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em conferência de imprensa que a tentativa de suprimir a referência ao Natal, num documento da Comissão Europeia entretanto retirado, é um “anacronismo”.

“Tantas ditaduras procuraram fazê-lo”, advertiu Francisco, falando aos jornalistas que o acompanhavam desde Atenas, no regresso ao Vaticano.

Na última semana vieram a público diretrizes propostas pela comissária para a Igualdade, Helena Dalli, de maneira a garantir uma comunicação mais “inclusiva” no seio da União Europeia, que incluíam propostas como usar o termo “festividades” em vez de “Natal”.

Após várias críticas, incluindo do Vaticano, a responsável decidiu recuar, considerando que se tratava de uma ideia “que precisa de mais trabalho”.

O Papa afirmou que esta proposta nasceu da “moda de um secularismo diluído, de água destilada”.

“É uma coisa que não resultou na história”, apontou.

Francisco convidou a União Europeia a recuperar os “ideais dos pais fundadores, que eram ideais de unidade, de grandeza”, e a ter cuidado para “não abrir caminho a colonizações ideológicas”.

“Isso poderia levar à divisão de países e ao colapso da União Europeia. A União Europeia deve respeitar cada país tal como está estruturado no seu interior”, sustentou.

O Papa defendeu o respeito pela “peculiaridade” de cada país, que também deve estar “aberto aos outros”.

A conferência de imprensa retornou alertas deixados em Atenas, com Francisco a sublinhar que “a democracia é um tesouro de civilização e deve ser guardado”.

A intervenção identificou dois “perigos” para as democracias atuais, os “populismos” e a submissão a um “império” internacional que ignora as identidades nacionais.

“O enfraquecimento da democracia deve-se ao perigo de populismos – que não são popularismos – e ao perigo dessas referências a potências económicas e culturais internacionais”, advertiu.

OC

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Agência ECCLESIA

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