Vaticano: Papa convida a superar «mentalidade que separa sacerdotes e leigos»

Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações sublinha importância do processo sinodal para Igreja em todos possam «caminhar juntos»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 05 mai 2022 (Ecclesia) – O Papa defendeu numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano a necessidade de superar a ideia de separação entre sacerdotes e leigos, na Igreja Católica, destacando a necessidade de “caminhar juntos” no processo sinodal que decorre até 2023.

“É preciso acautelar-se da mentalidade que separa sacerdotes e leigos, considerando protagonistas os primeiros e executores os segundos, e levar por diante a missão cristã, conjuntamente, leigos e pastores como único Povo de Deus. Toda a Igreja é comunidade evangelizadora”, escreve Francisco, na mensagem para 59º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se celebra no próximo domingo.

O texto, com o tema “Chamados para construir a família humana”, evoca os “ventos gélidos da guerra e da opressão”, além de “fenómenos de polarização”.

Neste contexto, destaca o Papa, a Igreja continua o processo sinodal iniciado em 2021, atualmente a decorrer nas dioceses católicas de todo o mundo: “Sentimos urgente necessidade de caminhar juntos cultivando as dimensões da escuta, participação e partilha”.

“Juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade, queremos contribuir para construir a família humana, curar as suas feridas e projetá-la para um futuro melhor”, pode ler-se.

A reflexão pontifícia propõe um “amplo significado” na interpretação do que é uma vocação, “no contexto duma Igreja sinodal que se coloca à escuta de Deus e do mundo”.

A palavra vocação não deve ser entendida em sentido restrito, referindo-a apenas àqueles que seguem o Senhor pelo caminho duma consagração específica. Todos somos chamados a participar na missão de Cristo de reunir a humanidade dispersa e reconciliá-la com Deus”.

Francisco destaca uma vocação comum de ser “guardião” do próximo e da natureza, construindo “laços de concórdia e partilha” que abram caminho a “uma grande família humana unida no amor”.

“Quando falamos de ‘vocação’, não se trata apenas de escolher esta ou aquela forma de vida, votar a própria existência a um determinado ministério ou seguir o encanto do carisma duma família religiosa, dum movimento ou duma comunidade eclesial; mas trata-se sobretudo de realizar o sonho de Deus, o grande desígnio da fraternidade que Jesus tinha no coração”, precisa.

Foto: Synod.va

O Papa convida todos a acolher o “olhar de amor” de Deus, que revela em cada um novas “potencialidades”.

“Coloquemo-nos, pois, à escuta da Palavra, para nos abrirmos à vocação que Deus nos confia! E aprendamos a escutar também os irmãos e irmãs na fé, porque nos seus conselhos e exemplo pode esconder-se a iniciativa de Deus, que nos indica estradas sempre novas a percorrer”, recomenda.

A mensagem conclui-se com a evocação do exemplo concreto de José Gregorio Hernández (1864-1919), médico venezuelano conhecido pela sua dedicação aos pobres, beatificado em Caracas a 30 de abril de 2021 – e já conhecido pela população venezuelana como santo -, como “testemunha exemplar do que significa acolher a vocação do Senhor”.

Francisco destaca que o beato pensou numa vida de sacerdócio ou de consagração, antes de se dedicar à medicina.

“Sem reservas, dedicou-se aos doentes atingidos pela epidemia de gripe chamada ‘espanhola’, que então alastrava pelo mundo. Morreu atropelado por um carro, ao sair duma farmácia aonde fora buscar remédios para uma idosa, sua paciente”, recorda o Papa.

OC

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Agência ECCLESIA

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