Vaticano: Papa convida a seguir Jesus em quem é «humilhado pela vida» (c/vídeo)

Francisco alerta para necessidade de superar simples «admiração» por Cristo para uma transformação concreta

Cidade do Vaticano, 28 mar 2021 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa do Domingo de Ramos, convidando à “surpresa” perante um “Deus humilhado” e “descartado” na cruz, que transforma a vida de quem o segue.

“Acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados, naqueles que a nossa cultura farisaica condena”, declarou, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro.

No início da Semana Santa, o Papa pediu aos católicos que tenham uma atitude de “espanto, de surpresa” perante os gestos e palavras de Jesus que são recordados nestes dias.

“Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz”, assinalou.

Francisco alertou para o risco de seguir “mais uma imagem de Messias do que o Messias”, sem abertura “ao outro, à sua novidade”.

O Papa recordou que, ao longo do Evangelho, o próprio Jesus procurou evitar nos seus discípulos a “admiração mundana”, a ideia de “um Deus que se devia adorar e temer por ser poderoso e terrível”.

“Agora já não há tal risco, ao pé da cruz, já não é possível errar: Deus revelou-se e reina só com a força desarmada e desarmante do amor”, realçou.

Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história… Admiram-no, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa”.

A homilia refletiu sobre a morte de Jesus na cruz como um ato de amor pela humanidade, diante do mal.

“Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Experimenta os nossos piores estados de ânimo: o falhanço, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, redime-as e transforma-as”, indicou.

Agora sabemos que não estamos sozinhos! Deus está connosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos”.

Francisco convidou os católicos a pedir a “graça do assombro” e deixar-se “comover pelo amor de Deus”, redescobrindo “a beleza dos irmãos e o dom da criação” e rejeitando os “legalismos, clericalismos”.

“Deixemo-nos surpreender por Jesus para voltar a viver, porque a grandeza da vida não está na riqueza nem no sucesso, mas na descoberta de que somos amados e na beleza de amar”, declarou.

Deixemo-nos surpreender por Jesus para voltar a viver, porque a grandeza da vida não está no ter nem no afirmar-se, mas na descoberta de que somos amados. Esta é a grandeza da vida. Descobrir que somos amados. E a grandeza da vida está precisamente na beleza do amor”.

A Basílica de São Pedro contou com a presença de algumas dezenas de participantes, numa celebração com participação limitada por causa da Covid-19, que não contou com a tradicional multidão com ramos de oliveira e os tradicionais ‘palmurelli’, folhas de palmeira entrançadas.

OC

A Igreja Católica inicia hoje, com o Domingo de Ramos, a celebração da Semana Santa, os momentos centrais do ano litúrgico que recordam os momentos da Paixão de Jesus.

As cerimónias de 2021 vão decorrer em vários países, como Portugal, sem procissões e outras manifestações de devoção popular que marcam estes dias, devido ao estado de emergência que se vive por causa da pandemia de Covid-19.

Os momentos centrais da Semana Santa começam na quinta-feira, dia em que se celebram a Missa Crismal e a Missa da Ceia do Senhor.

Com a Missa vespertina da Ceia do Senhor tem início o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Na Sexta-feira Santa não se celebra a Missa, tendo lugar a celebração da morte do Senhor, com a adoração da cruz; o silêncio, o jejum e a oração marcam este dia.

O Sábado Santo é dia alitúrgico: a Igreja debruça-se, no silêncio e na meditação, sobre o sepulcro do Senhor e a única celebração primitiva parece ter sido o jejum.

A Vigília Pascal é a “mãe de todas as celebrações” da Igreja, evocando a Ressurreição de Cristo.

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Agência ECCLESIA

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