Francisco assinala Domingo do Bom Pastor, falando na proximidade de Deus
Cidade do Vaticano, 08 mai 2022 (Ecclesia) – O Papa convidou hoje à redescoberta do diálogo e da escuta, permitindo que o outro possa falar “até ao fim”.
“Não há escuta, este é um dos males do nosso tempo”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração pascal do ‘Regina Coeli’.
Francisco num tempo em que as pessoas estão “sobrecarregadas pelas palavras e pela pressa de sempre ter que dizer e fazer alguma coisa”.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa convidou a escutar até ao fim, a deixar que “o outro se exprima, na família, na escola, no trabalho, até mesmo na Igreja”.
“Para o Senhor é necessário, antes de tudo, escutar. Ele é a Palavra do Pai e o cristão é filho da escuta, chamado a viver com a Palavra de Deus ao alcance da mão”, acrescentou.
Perguntemo-nos se somos filhos da escuta, se encontramos tempo para a Palavra de Deus, se damos espaço e atenção aos irmãos e irmãs, se sabemos ouvir, que o outro se exprima até ao fim, sem o interromper”.
Numa reflexão sobre três verbos – “Escutar, conhecer e seguir” -, Francisco destacou a proximidade de Deus, o “Bom Pastor” que “conhece as suas ovelhas”.
“Isto não significa apenas que ele sabe muitas coisas sobre nós, que sabe: conhecer no sentido bíblico significa amar”, precisou.
A descoberta desse amor, prosseguiu o Papa, faz com que a relação com Deus deixe de ser “impessoal, fria ou de aparência”.
“Deixo-me conhecer pelo Senhor? Abro-lhe espaço na minha vida, trago-lhe o que vivo? E, depois de tantas vezes em que experimentei a sua proximidade, a sua compaixão, a sua ternura, que ideia tenho do Senhor? O Senhor está perto, o Senhor é um bom pastor”, afirmou.
Após a oração, o Papa aludiu à beatificação, este sábado, da irmã Agustina Rivas, mais conhecida como Aguchita, que pertencia à Congregação do Bom Pastor.
A nota beata foi assassinada pelo grupo Sendero Luminoso, a 27 de setembro de 1990, enquanto cumpria a sua missão pastoral entre o povo Ashaninka, na floresta central do Peru.
“Esta missionaria heroica, mesmo sabendo que arriscava a sua vida, ficou sempre junto dos pobres, especialmente das mulheres indígenas e camponesas, testemunhando o Evangelho da justiça e da paz. Que o seu exemplo desperte em todos o desejo de servir a Cristo com fidelidade e coragem”, referiu Francisco, que pediu uma salva de palmas para a beata.
O Papa falou ainda da celebração do Dia da Mãe, que acontece este domingo em vários países (em Portugal aconteceu a 1 de maio).
“Recordemos com afeto as nossas mães. Um aplauso para as mães”, pediu, recordando também as mães que já morreram, mas vivem “no coração” de cada um, desejando “oração, afeto, felicitações” para todas.
OC