Vaticano: Papa convida a passar do «tempo livre» para o «tempo que liberta», para superar solidão e perda de sentido

Francisco alerta para alastramento da «tristeza» de quem vive fechado em si próprio

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 15 out 2023 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje que os católicos passem da busca do “tempo livre” para um “tempo que liberta”, na oração e na atenção aos outros, superando sentimentos de solidão e perda de sentido.

“Quantas vezes não atendemos ao convite de Deus porque estamos ocupados a pensar nas nossas próprias coisas! Muitas vezes lutamos para ter o nosso próprio tempo livre, mas hoje Jesus convida-nos a encontrar o tempo que nos liberta: o tempo para dedicar a Deus, que nos alivia e cura o nosso coração, que aumenta a paz, a confiança e a alegria em nós, que nos salva do mal, da solidão e da perda de sentido”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus.

Perante mais de 20 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a oração dominical, Francisco sublinhou a necessidade de “abrir espaço” para Deus, na vida quotidiana.

“Onde? Na Missa, na escuta da Palavra, na oração e também na caridade, porque ao ajudar os fracos ou pobres, ao fazer companhia aos solitários, ao ouvir os que pedem atenção, ao consolar os que sofrem, estamos com o Senhor, que está presente nos necessitados”, apontou.

O Papa admitiu que, para muitos, estas propostas são vistas como uma “perda de tempo”.

“Por isso, fecham-se no seu mundo particular e isso é triste, gera tristeza. Quantos corações tristes…”, lamentou.

A qualidade da minha vida depende dos meus assuntos e do meu tempo livre ou do meu amor pelo Senhor e pelos meus irmãos e irmãs, sobretudo pelos mais necessitados? Perguntemo-nos isto”.

A reflexão começou por evocar a passagem do Evangelho segundo São Mateus que é lida nas celebrações dominicais de todo o mundo, na qual Jesus apresenta uma parábola, sobre um rei que prepara o banquete de casamento para o seu filho (cf. Mt 22,1-14) e convida todos para a festa, recebendo várias respostas negativas ou indiferentes.

“Este é o tipo de relacionamento que o Pai nos oferece: chama-nos para estar com Ele, deixando-nos a possibilidade de aceitar ou não o convite”, indicou.

Francisco sublinhou que o “não” a este convite é um “drama da história”, destacando que a responsabilidade é de cada pessoa, porque “Deus respeita muito a liberdade, muito”.

“Deus propõe-se, não se impõe, nunca”, insistiu.

Após a oração, o Papa recordou a publicação da sua nova exortação sobre Santa Teresa do Menino Jesus, ‘C’est la confiance’ (é a confiança).

“Como testemunhou esta grande santa e doutora da Igreja, a confiança no amor misericordioso de Deus é o caminho que nos leva ao coração do Senhor e do seu Evangelho”, declarou.

OC

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