Audiência pública semanal evocou sofrimentos da humanidade, sublinhando que «Deus chora» por quem morre
Cidade do Vaticano, 14 out 2020 (Ecclesia) – O Papa convidou hoje os peregrinos reunidos no Vaticano, de vários países, a cumprir as orientações da autoridade para travar a pandemia de Covid-19.
“Se todos, como bons cidadãos, cumprirmos as indicações da autoridade, isso será uma ajuda para acabar com a pandemia”, referiu, no final do encontro, ao explicar a necessidade de cumprimentar os presentes à distância e de evitar aglomerações em volta de si.
“Com as novas prescrições, é melhor manter as distâncias. Saúdo os doentes, de coração, desde aqui”, sublinhou Francisco.
O Papa mostrou a intenção de continuar estes encontros com milhares de pessoas, que no inverno decorrem num espaço fechado, o auditório Paulo VI, desde que todos cumpram as normas previstas de higiene e segurança.
“Assim, cada um com a sua máscara, mantendo as distâncias, podemos continuar as audiências”, destacou.
Em março, aquando da declaração de pandemia, o Vaticano decidiu suspender a participação de peregrinos nas audiências semanais, que decorreram à porta fechada na biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online; os fiéis voltaram a acompanhar o Papa desde setembro, primeiro no Pátio de São Dâmaso, ao ar livre e, a partir de outubro, no referido auditório Paulo VI.
O encontro desta manhã foi dedicado pelo Papa ao ciclo de catequeses sobre a oração, a partir do Livro dos Salmos, onde, disse, se encontram “todos os sentimentos humanos: alegrias, tristezas, dúvidas, esperanças e amarguras que coloram a nossa vida”.
“Neste livro não encontramos pessoas etéreas nem abstratas, pessoas que confundem a oração com uma experiência estética ou alienante. Não, os salmos não são textos compostos de forma teórica, mas invocações, muitas vezes dramáticas, que nascem da experiência viva da existência. Para os recitar basta ser quem somos”, indicou.
A reflexão abordou o tema do sofrimento humano e uma das questões que aparece nos Salmos, um dos livros do Antigo Testamento: “Até quando, Senhor, até quando?”.
“A existência do homem é um sopro, a sua história é fugaz, mas o orante sabe que é precioso aos olhos de Deus, e por isso faz sentido gritar. Isto é importante”, observou Francisco.
O Papa sublinhou que as várias formas de sofrimento são “ouvidas por Deus” e são sempre pessoais.
“Para Deus, todas as dores dos homens são sagradas”, declarou.
A este respeito, disse ter falado antes da audiência com os pais do padre Roberto Malgesini, da Diocese de Como, que foi assassinado no seu serviço de ajuda aos pobres.
Francisco afirmou que Deus tem coração de Pai e “chora Ele mesmo por cada filho e filha que sofre e morre”.
No final do encontro, o Papa saudou os peregrinos lusófonos, recordando a festa de Santa Teresa de Jesus, que se celebra esta quinta-feira para pedir que aprendam com esta “mestra de vida espiritual” a cultivar a “amizade” com Deus.
“Aprendei a crescer cada vez mais nesta relação de amizade, com as palavras que encontramos no livro dos Salmos”, concluiu.
OC