Vaticano: Papa condena ação de máfias que enriquecem com a corrupção

Francisco associa-se a dia em memória das vítimas das associações criminosas, na Itália

Foto: Associação «Libera»

Cidade do Vaticano, 21 mar 2021 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje no Vaticano a ação de máfias que enriquecem com a corrupção, mesmo durante a pandemia, e associou-se à jornada anual memória das vítimas das associações criminosas, na Itália.

“As máfias estão presentes em todo o mundo e, aproveitando-se da pandemia, estão a enriquecer, com a corrupção”, denunciou Francisco, no final da recitação do ângelus, transmitido desde a biblioteca do Palácio Apostólico, devido às restrições impostas pelo avanço da Covid-19 na região de Roma.

A Itália assinala a 21 de março o “Dia da Memória e do Compromisso” em memória das vítimas inocentes da Mafia, uma iniciativa da Associação ‘Libera’ (Livre), fundada por um sacerdote católico.

Francisco, que tem repetido palavras e gestos contra as principais associações mafiosas, recordou que “São João Paulo II denunciou a sua cultura de morte e Bento XVI condenou-as como caminhos de morte”.

“Estas estruturas de pecado, as estruturas mafiosas, contrárias ao Evangelho de Cristo, confundem a fé com a idolatria”, denunciou, numa crítica à aparência de religiosidade cultivada por vários das principais figuras da Mafia.

“Façamos hoje memória de todas as vítimas e renovemos o nosso compromisso contra as máfias”, apelou Francisco.

O fundador da “Libera”, padre Luigi Ciotti, recorda as vítimas do crime organizado, nesta 26ª Jornada da Memória e do Compromisso: “Temos o dever de transmitir a memória às crianças”.

A Conferência Episcopal Italiana também se associou à celebração, sublinhando que a Mafia via para além da “violência das armas” e atua através da corrupção”.

Em junho de 2014, o Papa deslocou-se à Calábria para condenar a ‘Ndrangheta’, considerada a mais influente e fechada organização criminosa da Itália.

“A família «Ndrangheta» significa o culto do mal e do desprezo pelo bem comum. Esse mal deve ser combatido, deve ser removido. É preciso dizer não. A Igreja deve gastar-se cada vez mais para que o bem possa prevalecer. Pedem-no as nossas crianças, pedem-no os nossos jovens carecidos de esperança”, afirmou.

Um ano depois, Francisco deslocou-se a Nápoles, condenando a ação da Máfia e mostrando a sua preocupação com o desemprego.

Em 2018, o Papa visitou a Sicília, presentando homenagens ao padre Pino Puglisi e ao juiz Giovanni Falcone, assassinados pela Mafia nos anos 90.

Nesse mesmo ano, Francisco tinha passado por uma região do litoral romano dominada pela Mafia, onde deixou uma mensagem contra a ilegalidade e a “omertà”, o código de silêncio que defende os criminosos das autoridades.

“Jesus deseja que os muros da indiferença e da ‘omertá’ sejam derrubados, que as amarras dos abusos e intimidações sejam removidas, que os caminhos da justiça, da decência e da legalidade sejam abertos”, disse, na homilia da Missa a que presidiu da Paróquia de Santa Mónica.

OC

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Agência ECCLESIA

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