Francisco convida a uma vida «mais simples», que rejeite violência verbal
Cidade do Vaticano, 26 fev 2020 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje no Vaticano o início do tempo litúrgico da Quaresma, numa audiência pública que decorreu na Praça de São Pedro, convidando os católicos a “desligar” os ecrãs e dedicar tempo à Bíblia e à caridade.
“A Quaresma é o tempo propício para dar lugar à Palavra de Deus. É o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia. É tempo para desligar-se do telemóvel e conectar-se ao Evangelho”, declarou, perante milhares de pessoas.
A audiência geral decorreu ao ar livre, evitando concentrações em espaços fechados, como o auditório Paulo VI, num momento em que a Itália enfrenta uma crise provocada pela propagação do novo coronavírus.
Francisco, que recordou as vítimas desta epidemia, assinalou que o tempo de preparação para a Páscoa, no calendário católico, deve ser marcado pela “oração, jejum e obras de misericórdia”, num clima de recolhimento interior.
“Não é fácil fazer silêncio no coração”, assumiu.
O Papa desafiou os crentes a “renunciar a palavras inúteis, a bisbilhotices”, combatendo um ambiente “poluído” pela violência verbal, “que as redes ampliam”.
“É tempo para falar tu a tu com o Senhor”, apontou, apelando à oração e ao que chamou de “ecologia do coração”.
A intervenção partiu do simbolismo do deserto, na Bíblia, sublinhando que este remete hoje para quem vive na solidão e no abandono.
“Quantos pobres e idosos estão ao nosso lado e vivem no silêncio, sem fazer barulho, marginalizados e descartados”, lamentou o pontífice.
“O caminho no deserto quaresmal é um caminho de caridade em direção aos mais fracos”, acrescentou.
A Quaresma é um tempo de 40 dias que tem início hoje com a celebração de Cinzas, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
“Jejuar é saber renunciar às coisas vãs, ao supérfluo, para ir ao essencial. Jejuar não é só para emagrecer, é procurar a beleza de uma vida mais simples”, precisou o Papa.
No final da audiência geral, Francisco deixou uma saudação às várias comunidades escolares de Portugal vindas de Bragança, Carcavelos, Coimbra e Infias, bem como aos alunos e professores da Academia de Música de Santa Cecília, de Lisboa, e aos paroquianos da Brandoa.
“Espero que a visita aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo faça nascer, nos vossos corações, uma grande coragem para abraçardes a vossa cruz de cada dia e um vivo desejo de iluminardes com a esperança a cruz dos outros. Nisto, podeis contar com as minhas orações; eu conto com as vossas. Obrigado”, concluiu.
OC
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