Francisco destaca importância dos relacionamentos numa sociedade com cada vez menos «consistência»
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Cidade do Vaticano, 24 nov 2021 (Ecclesia) – O Papa apontou hoje, no Vaticano, à celebração da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Lisboa, propondo a figura de São José como exemplo para a “peregrinação espiritual” até este evento.
“Nesta peregrinação espiritual, deixemo-nos fascinar pelo coração humilde e disponível de São José para com os outros. E seguindo o seu exemplo, cuidemos das relações significativas na nossa vida”, disse aos peregrinos portugueses presentes no Auditório Paulo VI, para a audiência pública semanal.
Francisco evocou a celebração, no último domingo, do 34.º Dia Mundial da Juventude, este ano assinalado a nível diocesano, nos cinco continentes, falando numa “nova etapa no caminho que levará a Lisboa, em 2023”.
A audiência geral prosseguiu o ciclo de reflexões sobre São José, iniciado na última semana, destacando a importância de promover as ligações humanas numa sociedade “que foi definida como ‘líquida’, porque parece não ter consistência”.
O Papa disse que é possível ir além da definição do filósofo Zygmunt Bauman, considerando que se vive numa sociedade “gasosa”.
“Penso em tantas pessoas que têm dificuldade em encontrar ligações significativas na sua vida, e por causa disso se debatem, sentem-se sozinhas, falta-lhes força e coragem para ir em frente”, observou.
Francisco sublinhou que os Evangelhos deixam na história de José “uma indicação muito clara da importância dos laços humanos”.
“O Evangelho narra-nos a genealogia de Jesus, não só por uma razão teológica, mas também para recordar a cada um de nós que a nossa vida é constituída por laços que nos precedem e acompanham. O Filho de Deus escolheu o caminho dos laços, o caminho da história, para vir ao mundo. Não veio ao mundo de forma mágica”, precisou.
O Papa propôs uma oração para ajudar os católicos a “encontrar em São José um aliado, um amigo e um apoio”.
A reflexão do Papa destacou o papel de São José na história da salvação, como “pai de Jesus a pleno título”.
“José vive o seu protagonismo sem nunca querer apoderar-se da cena”, assinalou.
Francisco elogiou, assim, todos aqueles que aparentemente estão escondidos ou na “segunda linha”.
“O mundo precisa destes homens e destas mulheres”, acrescentou.
José, com a sua vida, parece querer dizer-nos que somos sempre chamados a sentirmo-nos guardiães dos nossos irmãos, guardiães dos que nos são próximos, daqueles que o Senhor nos confia através das circunstâncias da vida”.
A Igreja Católica vive até 8 de dezembro um ano especial dedicado a São José, por decisão do Papa, celebrando o 150.º aniversário da declaração como padroeiro da Igreja universal, por Pio IX.
OC