Encontro dominical com peregrinos marcado pela situação na Ucrânia e por assassinato de criança pela Mafia
Cidade do Vaticano, 26 jan 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco apelou hoje ao fim da violência na Ucrânia e deixou várias mensagens de paz para o mundo, num domingo em que foram lançadas simbolicamente duas pombas brancas desde a janela do apartamento pontifício.
“Estou próximo da Ucrânia com a oração, em particular dos que perderam a vida nestes dias e das suas famílias. Desejo que se desenvolva um diálogo construtivo entre as instituições e a sociedade civil, evitando qualquer recurso a ações violentas, e que prevaleça no coração de cada um o espírito de paz e a busca do bem comum”, declarou, após a recitação da oração do ângelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
A Ucrânia tem sido palco desde há cerca de dois meses de manifestações, que já provocaram vários mortos, suscitadas pela decisão do seu presidente, Viktor Ianukovitch, de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo com a União Europeia e optar por estreitar os laços comerciais com a vizinha Rússia.
Francisco referiu-se ao recente assassinato de uma criança italiana Nicola ‘Cocò’ Campolongo, que foi queimado dentro de um carro, na Calábria (Itália), num ajuste de contas da Mafia local, algo “que parece não ter precedentes na história da criminalidade”, e pediu orações pela vítima e pela conversão dos autores do crime.
O Papa recordou ainda os “milhões de pessoas” que vão celebrar o Ano Novo lunar no Extremo Oriente, em particular “chineses, coreanos e vietnamitas”.
“A todos desejo uma existência cheia de alegria e de esperança: que o desejo irreprimível de fraternidade, que se alberga no seu coração, encontre na intimidade da família o lugar privilegiado onde possa ser descoberto, educado e concretizado. Este será um precioso contributo para a construção de um mundo mais humano, no qual reine a paz”, declarou.
Francisco aludiu, por outro lado, à celebração neste domingo do Dia Mundial dos Leprosos, instituído pela ONU em 1954, a pedido de Raoul Follereau.
“Esta doença, apesar de estar em regressão, atinge ainda infelizmente muitas pessoas em condições de grave miséria”, sublinhou.
Segundo o Papa, é importante “manter viva a solidariedade” com todos os que são afetados pela doença, a quem Francisco assegurou a sua oração.
“Rezemos ainda pelos que os assistem e, de várias formas, se empenham para erradicar este mal”, apelou.
A intervenção deixou uma referência à beatificação, este sábado, da rainha Maria Cristina de Savoia, que decorreu em Nápoles, Itália.
O Papa destacou o “extraordinário exemplo de caridade” da nova beata, que lembrou como uma “mulher de profunda espiritualidade e de grande humildade”.
O momento de oração concluiu-se com uma saudação aos jovens da Ação Católica da Diocese de Roma, que encerraram no Vaticano a sua iniciativa anual ‘Caravana de Paz’, lendo uma mensagem junto do Papa e lançando duas pombas brancas, “símbolo de paz”.
A tradicional catequese de Francisco falou da Galileia, terra onde Jesus iniciou a sua missão pública, como uma zona de “trânsito, onde se encontram pessoas de raças, culturas e religiões diferentes” que se transformou num “lugar simbólico para a abertura do Evangelho a todos os povos”.
“Jesus ensina-nos que a Boa Nova não está reservada para uma parte da humanidade, mas tem de ser comunicada a todos. É um alegre anúncio destinados a quantos o esperam, mas também àqueles que talvez já não esperem mais nada e não têm sequer a força de procurar e questionar”, precisou, pedindo que a Igreja esteja atenta às “periferias” e todos sejam “corajosos” para “seguir o Senhor”.
OC
[[v,d,,]]