Vaticano: Papa apela a reflexão sobre património que deixou de ser usado pelas comunidades religiosas

Santa Sé promove congresso internacional sobre os Bens Culturais dos Institutos Religiosos

Cidade do Vaticano, 04 mai 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje a uma reflexão sobre o destino do património que deixou de ser usado pelas comunidades religiosas, numa mensagem divulgada pelo Vaticano.

Francisco sustenta que é necessário centrar atenções na “reutilização de bens imóveis”, uma necessidade que se tornou “ainda mais urgente devido não apenas à contração numérica das comunidades de vida consagrada e à necessidade de encontrar recursos necessários para o cuidado de irmãs e irmãos idosos e doentes, mas também, em particular, dos efeitos da aceleração da alteração legislativa e das necessidades de adaptação necessárias”.

A mensagem alude aos custos económicos de manutenção e conservação ordinária e extraordinária deste património, suportados pelas referidas comunidades, especialmente na Europa.

O Papa pede que o problema seja abordado “não com decisões improvisadas ou precipitadas, mas dentro de uma visão global e de um planeamento prospetivo”.

Francisco admite que a alienação de bens é um “tema particularmente sensível e complexo, que pode atrair interesses enganosos de pessoas sem escrúpulos e ser motivo de escândalo para os fiéis”.

A Santa Sé promove entre hoje e amanhã um congresso internacional sobre os Bens Culturais dos Institutos Religiosos, com o título “Carisma e criatividade”, no Auditório Antonianum, em Roma.

Na mensagem aos participantes, o Papa realça que os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica “têm sido e continuam a ser promotores de arte e cultura a serviço da fé, guardiães de uma parte muito significativa do património cultural da Igreja e da humanidade”.

Francisco destaca a “capacidade de transmitir um significado religioso, espiritual e cultural que, para o património cultural dos Institutos de Vida Consagrada, consiste sobretudo no reconhecimento da relação que têm com a história, a espiritualidade e as tradições das comunidades específicas”.

O texto destaca que é necessário “promover a catalogação dos bens na sua totalidade e variedade (arquivos, livros, arte móvel e imóvel)”, por “razões de serviço à cultura, transparência de gestão e prudência”.

O congresso aborda a catalogação, gestão e projetos inovadores para o património cultural das comunidades de vida consagrada, numa iniciativa da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e o Conselho Pontifício para a Cultura.

As instituições da Santa Sé contam com o apoio do Gabinete Nacional do Património Cultural Eclesiástico e Edifícios Religiosos da Conferência Episcopal da Itália e do Departamento do Património Cultural da Igreja – Faculdade de História e Património Cultural da Igreja, da Universidade Pontifícia Gregoriana.

“Vivemos um tempo em que é urgente uma reflexão sobre o património cultural na Igreja e particularmente nas comunidades de Vida Consagrada”, destacou o cardeal Gianfranco Ravasi, prefeito do Conselho Pontifício para a Cultura, na apresentação do evento.

O responsável alertou para o impacto da diminuição do número de consagrados na Europa sobre a preservação de um “vasto património cultural, constituído por bens imobiliários e móveis, arquivos e bibliotecas”.

O congresso internacional assume como objetivo unir investigadores e “estimular projetos e boas práticas em matéria de proteção, conservação, fruição e reutilização dos bens culturais” pertencentes aos Institutos Religiosos.

O comité promotor do evento é presidido pelo bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura.

OC

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