Francisco recorda «as vítimas do desumano conflito» naquele país, «sobretudo as crianças apanhadas nos bombardeamentos cruéis»
Cidade do Vaticano, 12 out 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco apelou hoje a um “cessar-fogo imediato” na Síria, durante a audiência pública com os peregrinos na Praça de São Pedro, no Vaticano.
“É com urgência que renovo este apelo, implorando com todas as minhas forças aos responsáveis por este conflito, a fim de que haja um cessar-fogo imediato, implementado e respeitado pelo menos durante o tempo necessário para a evacuação das populações civis, sobretudo das crianças ainda apanhadas no meio destes bombardeamentos cruéis”, disse Francisco.
Numa audiência centrada no tema da Misericórdia, como tem sido habitual ao longo deste Ano Santo, o Papa argentino manifestou a sua “proximidade a todas as vítimas do desumano conflito na Síria”.
Uma guerra civil que há mais de cinco anos (desde março de 2011) opõe o governo do presidente sírio Bashar al-Assad a várias forças rebeldes contrárias ao regime, e que segundo as Nações Unidas já provocou cerca de 400 mil mortos.
Os combates, que subsistem em províncias como Al Quneitra, Damasco, Deraa, Hama, Homs e Latakia, já provocaram também milhões de deslocados sírios, internos e externos, muitos deles obrigados a sair do país e a rumarem à Europa como refugiados.
Localidades como Alepo, a maior cidade da Síria, estão hoje completamente destruídas e praticamente desertas, devido à violência que tomou conta da nação.
Além dos grupos rebeldes, as comunidades locais, entre as quais muitas famílias cristãs, têm sofrido a perseguição de grupos terroristas como o Estado Islâmico.
“Num mundo tristemente atingido pelo vírus da indiferença, a prática da misericórdia é o melhor antídoto”, referiu o Papa.
Durante a audiência de hoje, Francisco referiu-se ainda ao Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais, que este ano tem como lema “Reduzir a mortalidade” provocada por este género de catástrofes.
Entre os grupos presentes esta manhã no encontro com o Papa, esteve uma comitiva de peregrinos vinda do Haiti, país ainda a recuperar de um grave terramoto em 2010 e que nos últimos dias foi novamente abalado por uma tragédia, desta vez um furacão que provocou pelo menos 900 mortos.
“Talvez estas catástrofes pudessem ser evitadas ou pelo menos limitadas, uma vez que na sua origem está muitas vezes a falta de cuidado com o ambiente. Nesse sentido, encorajo todos a unirem esforços na preservação desta nossa casa comum, através da promoção de uma cultura de prevenção, dos novos conhecimentos adquiridos, para assim reduzir o risco das populações mais vulneráveis”, concluiu.
Introduzido pelas Nações Unidas em 1989, o Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais tem como objetivos fazer desta matéria uma prioridade de todas as nações; favorecer a identificação e redução dos fatores de riscos, bem como a adoção de medidas de prevenção; criar uma cultura de segurança e dotar os territórios e a proteção civil de ferramentas de resposta eficazes perante cenários de emergência.
JCP