Vaticano: Papa alerta para relação «mercantil» com Deus

Francisco convida a superar mentalidade presa ao «esquema de cálculo», no dar e receber

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 24 set 2023 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje para o que designou de relação “mercantil” com Deus, presa a um “esquema de cálculo”, em que se recebe conforme o que se dá.

“Irmãos e irmãs, às vezes corremos o risco de ter uma relação mercantil com Deus, centrando-nos mais na nossa valentia do que na sua generosidade e na sua graça”, disse, antes da recitação da oração do ângelus, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

Francisco destacou que, também como Igreja, se tem cedido a uma lógica de superioridade, perante os outros.

“Em vez de sair a cada hora do dia e abrir os braços a todos, podemos sentir-nos os primeiros da classe, julgando os outros, distantes, sem pensar que Deus também os ama com o mesmo amor que tem por nós”, apontou.

A justiça que praticamos por vezes não consegue escapar ao esquema do cálculo e limitamo-nos a dar de acordo com o que recebemos, sem ousar fazer algo mais, sem apostar na eficácia do bem feito gratuitamente e do amor oferecido com grandeza de coração”.

Falando desde a janela do apartamento pontifício, o Papa destacou que, para Deus, “nunca é tarde”.

“Ele procura-nos e espera por nós, sempre. Não nos esqueçamos disto”, realçou.

A reflexão partiu de uma parábola de Jesus, relatada pelo Evangelho de São Mateus, na qual o patrão de uma vinha sai, desde a madrugada até à noite, para chamar alguns trabalhadores, pagando a todos o mesmo, no final.

“A parábola não deve ser lida por meio de critérios salariais; mas sim, quer mostrar os critérios de Deus, que não faz cálculos dos nossos méritos, mas nos ama como filhos”, indicou Francisco.

A justiça humana diz para dar a cada um o que merece, enquanto a justiça de Deus não mede o amor na balança dos nossos rendimentos, dos nossos desempenhos ou dos nossos fracassos”.

O Papa convidou os católicos a imitar Deus neste amor “incondicional, um amor gratuito”.

“Perguntemo-nos: eu cristão, eu cristã, sei sair em direção aos outros? E sou generoso com todos, sei dar aquele extra de compreensão e perdão, como Jesus me ensina?”, questionou.

Após o ângelus, Francisco deixou um convite à participação na vigília ecuménica de oração que vai ter lugar a 30 de setembro, sábado, na Praça de São Pedro, “como preparação para a assembleia sinodal que começa a 4 de outubro”.

Antes de despedir-se dos peregrinos e visitantes, o Papa quis evocar a “martirizada Ucrânia”.

“Rezemos por este povo, que sofre tanto”, apelou.

OC

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